“Como é possível negociar com alguém que não reconhece a sua existência?”
Por Adriana Carranca, no Estadão: A divisão de Jerusalém, os assentamentos judaicos no leste da cidade e na Cisjordânia e o retorno para casa dos refugiados árabes expulsos na guerra de 1947-1948 são os principais pontos de disputa entre palestinos e israelenses. Mas o que emperra as negociações e define a política do primeiro-ministro Binyamin […]
Por Adriana Carranca, no Estadão:
A divisão de Jerusalém, os assentamentos judaicos no leste da cidade e na Cisjordânia e o retorno para casa dos refugiados árabes expulsos na guerra de 1947-1948 são os principais pontos de disputa entre palestinos e israelenses. Mas o que emperra as negociações e define a política do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu é a desconfiança.
Após mais de quatro décadas de negociações de paz, a direita israelense não acredita que um acordo seja possível. O argumento é o não reconhecimento de Israel como “Estado judaico” – no discurso à Assembleia-Geral da ONU, na sexta-feira, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, voltou a afirmar que isso “afetaria a vida do 1,5 milhão de muçulmanos e cristãos cidadãos israelenses”.
“A maioria dos judeus defende a solução de dois Estados. Mas como é possível negociar com alguém que não reconhece a sua existência?”, diz o cientista político Heni Ozi Cukier. Se a paz não é possível, é preciso garantir o domínio e a segurança da população judaica.
Com base nisso, os conservadores na Knesset (Parlamento) justificam sua posição nos principais pontos de disputa. Sem um acordo de paz, acreditam, têm o direito de expandir o domínio sobre terras anexadas na guerra de 1967. Dar aos refugiados, cerca de 4 milhões de pessoas, o direito de retorno, argumentam, seria como restabelecer um Estado palestino único – os judeus, que hoje são 5,8 milhões dos 7,7 milhões de israelenses, seriam minoria.
A esquerda e o centro acreditam que a paz é possível e, portanto, defendem a retirada de Israel da maioria das áreas ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967 – uma exigência dos palestinos, que Netanyahu classifica como “indefensável”. Aqui