Picuinha política pode tirar R$ 80 mi do combate ao coronavírus no DF
Recurso seria remanejado de emenda da bancada, mas esbarra na oposição de senador tucano
Para obter recursos no combate ao coronavírus o governador Ibaneis Rocha pediu à bancada do Distrito Federal na Câmara para remanejar R$ 80 milhões do orçamento para esse fim.
Esse dinheiro, da chamada emenda de bancada, está destinado a outras ações.
Mas essa realocação do recurso esbarra numa picuinha política que envolve o coordenador da bancada, o senador Izalci Lucas (PSDB), adversário político de Ibaneis na capital.
No ofício que enviou a Izalci, o governador cita as ações já adotadas como suspensão de aulas, proibição de eventos, fechamento de bares, restaurantes e shoppings. Tudo para convencer o senador, que tem pretensão de se eleger governador em 2022.
Esse dinheiro é para prestar assistência aos infectados e combater outros efeitos da pandemia.
É um crédito extraordinário para a rubrica de Enfrentamento da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional Decorrente do Coronavírus, aberto numa janela que permite mexer no Orçamento.
E o prazo vence hoje.
Desse montante, R$ 57 milhões são para ações específicas contra o vírus e os outros R$ 23 milhões destinados para a infraestrutura de unidades de saúde.
Mas Izalci está fazendo jogo duro. Diz que consultou a bancada e que todos aceitaram, mas condicionou a liberação a exigência que o governador detalhe para onde vai exatamente esse dinheiro nas ações do coronavírus.
A conferir.
ATUALIZAÇÃO, às 21h05: O senador Izalci Lucas entrou em contato com o Radar pedindo esclarecimentos. Segundo ele, “em momento algum” colocou “qualquer entrave às transferências de recursos para o combate ao coronavírus.” Leia a íntegra da nota a seguir:
1) Em momento algum, coloquei qualquer entrave às transferências de recursos para o combate ao coronavírus.
2) Como coordenador da bancada teria que levar a solicitação do GDF para a aprovação da bancada, uma vez que os recursos foram destinados pelos parlamentares e não por mim, embora seja o assinante final do termo.
3) Fiz duas reuniões por vídeo conferência para aprovar a solicitação do Governo do Distrito Federal. Na primeira, tivemos quórum, ,nem todos puderam estar presentes naquele momento. Aqueles que não puderam participar solicitaram serem ouvidos. Fizemos uma segunda reunião nesta quinta-feira (26) e confirmamos aquilo que já havíamos acertado com o GDF.
4) A bancada fez tudo por consenso e apenas solicitou informações sobre onde seriam aplicados os recursos para seu acompanhamento.
5) Os recursos já foram repassados em ofício assinado por mim na data de hoje (veja cópia).
Abrimos mão de projetos que se colocavam importantes na época em que foram destinados às áreas sociais e de investimentos em emprego e renda. Por isso, creio que não é o momento para pensar em eleições futuras e lamento, profundamente, que isso esteja ocorrendo nesse instante pelo qual passa a nossa nação, o mundo e, particularmente, o nosso Distrito Federal. Temos que pensar em nossa gente aqui e em todo país. Estamos juntos e unidos para superarmos essa quadra tão difícil. Digo, sem dúvida alguma, que a bancada do DF se colocou e se coloca, por meio de seus representantes, pronta para trabalhar, lutar e fazer o que for possível para que todos que aqui vivem, trabalham e criam suas famílias tenham o apoio necessário para suportar a crise que ora passamos.
Em tempo: Temos muito trabalho pela frente. Picuinhas é de quem não tem o que fazer ou não sabe o que fazer. Esse, absolutamente, não é o meu caso e, certamente, não é do governador.
Izalci Lucas
Senador e coordenador da bancada do DF no Congresso Nacional