Entidades criticam ‘distorção de prioridades’ em fundão de R$ 5,7 bilhões
Carta aberta também pede que o presidente Jair Bolsonaro vete o aumento no valor destinado ao fundo eleitoral, aprovado na semana passada pelo Congresso
Pelo menos 19 entidades da sociedade civil organizada lançaram uma carta aberta contra o aumento do valor destinado ao fundo eleitoral para 5,7 bilhões de reais, aprovado na semana passada pelo Congresso. O documento condena a “distorção de prioridades” e o emprego “abusivo” da verba pública para o financiamento de campanhas. O valor é quase o triplo do que foi utilizado nas eleições de 2020 (2 bilhões de reais)
Dentre os signatárias estão o Centro de Liderança Pública, a Transparência Eleitoral Brasil e a Associação Brasileira de Imprensa, entre outras organizações.
““Não se trata aqui de condenar o financiamento público de campanhas. Esse é um debate importante e que deve ser feito dentro da sociedade. Mas um aumento abusivo, em tempos de crise econômica e sanitária, em um país já deficitário de serviços públicos, atualmente sobrecarregados pela maior pandemia de nossa história, ultrapassa o limite do aceitável e passa a mensagem de que a classe política falta com o comprometimento necessário para conter esta emergência sanitária e, de fato, priorizar serviços públicos que beneficiariam a vida dos brasileiros”, diz um trecho da carta divulgada pelo Pacto Pela Democracia, iniciativa de defesa dos princípios democráticos.
A carta pede o veto de Jair Bolsonaro ao que eles classificam como “Super Fundo Eleitoral”. Nesta segunda-feira, o presidente já anunciou que pretende vetá-lo.
A título de comparação, as entidades apontaram que os 5,7 bilhões de reais seriam suficientes para adquirir todas as vacinas de que o país precisa – mais de 350 milhões de doses da vacina AstraZeneca, produzida pela Fiocruz.
Além da carta aberta, a diretora-executiva do Centro de Liderança Pública, Luana Tavares, lançou uma petição online para cobrar que Bolsonaro vete a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada e faça o texto voltar a ser debatido pelo Congresso. O texto acusa os parlamentares de “descaso e falta de humanidade e respeito”.