Denúncia tem áudio que sugere ‘processo fantasma’ por respiradores no AM
Fala do ex-secretário-adjunto da Saúde do Amazonas Perseverando Garcia consta na denúncia da PGR enviada ao STJ
A denúncia apresentada na última segunda-feira pela PGR ao STJ contra o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e mais 17 pessoas, acusados de crimes cometidos na compra de respiradores para pacientes de Covid-19, contém a transcrição de um áudio enviado em um grupo de WhatsApp no qual o então secretário-adjunto da Saúde do estado, Perseverando da Trindade Garcia Filho, sugere a criação de um “processo fantasma” para justificar a aquisição dos equipamentos em uma loja de vinhos.
“Joao por que eu não corro como um processo fantasma cara? E aí faço o empenho. Entendeu? É muito melhor do que empenhar sem nada e mandar pagar. Não tem garantia cara, nenhuma. Não tem amparo nenhum”, afirmou Perserverando em mensagem enviada no grupo “Só nós aqui”, em 2 de abril do ano passado. Ele se dirigia ao secretário-executivo da pasta, João Paulo Marques dos Santos, outro alvo da denúncia.
O então secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, também denunciado, concorda com o subordinado em áudio enviado minutos depois. “Concordo Perse! É… conversei com o Carlos e ele deu três possibilidade: o primeiro seria o decreto; o segundo é falar com o Waltinho, que ele sabe o processo de compras e verificar o caminho do meio aí; e o terceiro seria a gente fazer destaque pra PPP, né? Então o JO… O JP está a frente disso, alinha com ele pra que a gente possa encaminhar da melhor forma possível”, disse Tobias.
Perserverando então diz que está com JP (João Paulo) e comenta que ficou “morrendo de peso na consciência”, complementando: “mas sabe que a gente precisa se proteger, né mano, e eu muito preocupado com vocês, né também”.
“Fica evidente, portanto, a participação ativa do denunciado na trama criminosa, bem como sua consciência quanto ao contexto em que inserido”, conclui a denúncia da PGR.
ATUALIZAÇÃO, 17H30 — O governo de Wilson Lima enviou ao Radar a seguinte posição: “O governador reitera que sua determinação aos gestores estaduais foi e tem sido no sentido de garantir o atendimento à população, respeitando todos processos legais. Cabe destacar, também, que a denúncia apresentada à Justiça não aponta nenhum benefício ou vantagem oferecida, solicitada ou recebida pelo governador. O governador Wilson Lima espera que o devido processo legal, além de demonstrar a lisura de seus atos, *também possa sanar qualquer dúvida em relação às acusações feitas * – já que em 186 páginas da denúncia, não foi apontado um único benefício que ele tenha recebido em função dos fatos relatados”.