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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba
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Moro torna réu ex-chefe de gabinete de Beto Richa

Deonílson Roldo é acusado de direcionar licitação para a Odebrecht; gravação do caso foi revelada por VEJA

Por Guilherme Voitch Atualizado em 6 set 2018, 00h03 - Publicado em 5 set 2018, 19h48

O juiz Sergio Moro aceitou denúncia oferecida pela força-tarefa da Lava Jato contra o ex-chefe de gabinete do ex-governador Beto Richa (PSDB), Deonílson Roldo, e outras dez pessoas. Entre elas está o empresário Jorge Theodócio Atherino, amigo pessoal da família Richa, além de executivos da Odebrecht e dois operadores de câmbio. Os onze acusados tornam-se réus e vão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.

Segundo o MPF, Odebrecht e Roldo firmaram um acordo em 2014 para beneficiar a empresa na Parceria Público Privada (PPP) da exploração e duplicação da PR-323, uma rodovia estadual entre os municípios de Francisco Alves e Maringá. O negócio era da ordem de 7 bilhões de reais. De acordo com a denúncia, no final de janeiro de 2014, executivos da empreiteira procuraram Roldo, então chefe de gabinete de Richa, e solicitaram apoio para afastar eventuais concorrentes interessados na licitação da PPP. Roldo afirmou que poderia “auxiliar” a empreiteira em troca de ajuda financeira para a campanha do governador. Segundo a denúncia, o chefe de gabinete conseguiu afastar duas empresas do negócio e marcou uma reunião com Pedro Rache, executivo da empreiteira Contern, ligada ao Grupo Bertin, para também tirar a empresa do negócio.

A conversa acabou gravada por Rache e foi revelada por VEJA. Nela, o ex-chefe de gabinete do então governador informou ao empresário que tinha “compromissos” com a Odebrecht e solicitou ostensivamente que a empresa Contern se afastasse da licitação. No mesmo diálogo, Roldo, de forma direta, vinculou a desistência a interesses do Grupo Bertin, que controlava a Contern, na Copel, empresa de energia elétrica do Estado do Paraná.

Após diversos adiamentos dos prazos de entrega das propostas, finalmente, em 25 de março de 2014, o Consórcio Rota Das Fronteiras, composto majoritariamente pela Odebrech, foi o único a fazer proposta na licitação, sagrando-se vencedor da concorrência pública para a concessão patrocinada do corredor da PR-323. O contrato foi assinado em 5 de setembro de 2014.

Depois de a Odebrecht vencer a licitação, em meados de julho de 2014, o empresário Jorge Atherino compareceu ao escritório da construtora em Curitiba para cobrar as propinas ajustadas nos encontros com Roldo. Diante do contato de Atherino, Luiz Antônio Bueno Júniir, diretor-superintendente da Odebrecht para a Região Sul e São Paulo, requereu a utilização do Setor de Operações Estruturadas da companhia – responsável por pagamentos ilegais – para realizar o pagamento da propina.

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Perícia da Polícia Federal nos sistemas Drousys e MyWebDay, do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, registraram cinco pagamentos que chegam a 3,5 milhões de reais, entre setembro e outubro de 2014. Os endereços de entrega eram no município de São Paulo, em condomínio relacionado à sogra de Atherino.

O empresário, que é amigo pessoal da família Richa, aparece também na investigação da Operação Quadro Negro, na qual o Ministério Público Estadual apura desvios na construção de escolas estaduais. Segundo um delator, o ex-diretor da Secretaria de Educação Maurício Fanini, Atherino teria lhe pagado uma espécie de mesada para que ele permanecesse em silêncio e não envolvesse Richa.

Na denúncia o MPF destacou provas colhidas na investigação que demonstram que, embora os valores tenham sido solicitados como se fossem “ajuda da campanha”, o dinheiro foi usado como contrapartida da venda da função pública e para o enriquecimento pessoal dos agentes públicos. Dentre estes estava o próprio Roldo, que entre  setembro e outubro de 2014 depositou 90 mil reais em espécie, de forma fracionada, em contas correntes que controlava.

Depoimentos

Entre os funcionários da Odebrecht denunciados, três têm acordos de delação e prestaram depoimentos que colaboram com as investigações: Benedicto Barbosa da Silva Junior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura; Fernando Migliaccio da Silva,responsável pelo setor de Operações Estruturadas da empresa; e Luciano Ribeiro Pizzatto, ex-diretor de contratos da empreiteira em Curitiba. 

A força-tarefa também utilizou os depoimentos da delação premiada do ex-diretor do DER Nelson Leal Júnior, preso na Operação Integração, que apura a relação entre concessionárias de pedágio e o governo do Paraná.

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Organização criminosa

Na denúncia, os promotores afirmam que havia uma “organização criminosa que se instalou dentro do governo do Paraná”. Segundo apurou VEJA, novas denúncias devem ser oferecidas nos próximos dias contra outras peças centrais do governo de Richa. Há uma discussão na força-tarefa e na Polícia Federal (PF) se o tucano, que é candidato ao Senado, deve ser denunciado durante o processo eleitoral.

Competência

A competência sobre a investigação da licitação da 323 e o pagamento de propina por parte da Odebrecht tem sido alvo de disputa entre o Ministério Público e a defesa de Richa. Em duas oportunidades, a defesa do ex-governador conseguiu manter o caso apenas na Justiça Eleitoral. Em seu despacho, Moro afirma que, como o Ministério Público Eleitoral pediu arquivamento da investigação, o caso passou para a alçada da Justiça Federal.

Outro lado

Richa divulgou nota em que afirma que a obra de duplicação da rodovia PR-323 nunca aconteceu e que nenhum recurso público, de origem federal ou estadual, foi aportado na licitação. “Não houve também qualquer direcionamento em licitação. Tanto é assim que a Corte Especial do STJ decidiu de forma unânime que tal investigação deva ocorrer na Justiça Eleitoral, na qual será comprovada, sem sombra de dúvidas, a lisura dos atos do ex-governador”.

A defesa de Jorge Theodócio Atherino afirma que ainda não teve acesso à denúncia e que, por enquanto, não vai se manifestar. A reportagem de VEJA não conseguiu contato com a defesa de Deonílson Roldo. 

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