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Se Aécio tivesse vencido em 2014, Lula estaria tranquilo no “seu” tríplex

Que Lula e Aécio se encontrem no Inferno dos Traidores e que se devorem um ao outro até o fim dos tempos

Por Maicon Tenfen Atualizado em 17 abr 2018, 09h59 - Publicado em 17 abr 2018, 08h17

Todo brasileiro com mais de 20 anos teria assunto para preencher 50 redações do ENEM com o tema A minha vida comparada à trajetória do salvador da pátria preso por corrupção. Os mais velhos poderiam traçar paralelos como “o que eu estava fazendo quando Lula foi preso pela primeira vez”, ou “onde eu estava quando ele perdeu a segunda eleição para presidente”, ou ainda “o que eu pensei quando o sapo barbudo finalmente virou príncipe em 2002”. Material também não faltaria aos mais novos, haja vista os últimos acontecimentos. Poderiam começar com as denúncias de corrupção, passar pelo enriquecimento instantâneo dos filhos e terminar com o recente encarceramento numa cela de Estado Maior. Com exceção dos bobinhos e dos teimosos, é certo que velhos e novos abririam o dicionário em busca de sinônimos para a palavra “traição”. Ninguém pode negar que Lula foi uma figura marcante na história recente do país. Disputou 5 eleições para presidente, perdeu 3 e ganhou 2, além de eleger e reeleger uma sucessora. Levante a mão quem nunca votou ou ao menos simpatizou com o “símbolo máximo” dos trabalhadores do Brasil. Pois é, parece que símbolo também mete a mão na cumbuca. Se o pecado de Lula se restringisse ao despreparo ou à incompetência, vá lá, burrice é o que não falta em Brasília. Agora, ladroagem? Sem condições. Essa foi a grande e insuportável traição do ex-presidente, e lugar de traidor nem é na cadeia, é no Nono Círculo do Inferno, mas já volto a essa questão.

Vamos primeiro falar de outro traidor. Nas eleições de 2014, como se sabe, quem estava insatisfeito com o legado de Lula depositou as esperanças de renovação em Aécio Neves. Foi por muito pouco que o candidato do PSDB não ganhou a cadeira de presidente. Se isso tivesse acontecido – que ironia! – Lula ainda estaria livre, leve e solto no “seu” apartamento em Guarujá. Ao contrário de Dilma, incompetente para o bem e para o mal, Aécio teria destruído a Operação Lava Jato no nascedouro. Teria matado a cobra e pisoteado a ninhada. Não veria pudores em trocar a chefia da Polícia Federal e, tramando com o Congresso, cortaria asinhas em Curitiba, São Paulo, Rio e Brasília. Perpetuaria o esquema de financiamento ilegal de campanhas, salvaria a própria pele, a dos amigos e também dos inimigos, Lula incluso. Ninguém descobriria que aquela pinta de Mineiro Malazartes só servia para ocultar o filhote de sinhozinho, o coronel que manda castrar os desafetos, o fazendeiro que acende o palheiro com uma nota de cem – desviada de obras públicas super-super-faturadas: “a gente mata ele antes de fazer a delação”. Traição pior que a de Lula e dos ladrões do PT e do PMDB, pior porque, ao que tudo indica, Aécio seria um presidente corrupto mais assertivo e competente. O mais provável é que jamais tomaríamos conhecimento da cena com a mala de dinheiro, mesmo que ela se repetisse ao infinito.

Isso significa que Lula e Aécio, embora diferentes, são iguais. São os polos positivo e negativo que fazem o mecanismo funcionar. O netinho de Tancredo Neves que se revelou um coronelão de Minas não seria nada sem o gângster dos sindicatos disfarçado em representante dos oprimidos. E vice-versa. Um se projeta sobre o outro, mas um também conduz o outro na obscena dança do poder. Ideologicamente, não representam nada. De um lado e de outro não há ideias, nem projetos, nem convicções, e quando há não se pode seguir em frente por causa de conchavos e rabos aprisionados. Brigar por essa gente é vestir a fantasia da vaquinha necessária à presepada dos farsantes. Merecem a danação eterna. Em vez de perdermos tempo com as teimosias inúteis das redes sociais, poderíamos desejar que Lula e Aécio, juntos, fossem arrastados do Malebolge ao Cocite, ou seja, do Oitavo Círculo do Inferno de Dante, que pune corruptos e ladrões, ao Nono, destinado aos traidores. Ali vive o demônio, um monstro de três cabeças que infinitamente morde Judas, Brutus e Cassius, os três maiores traidores da história, minúsculos se comparados aos canalhas que apunhalaram seus eleitores por cobiça, burrice ou vaidade. Que Lula e Aécio tenham o destino de Ugolino e Ruggieri, este condenado a ter o crânio roído por aquele, seu inimigo, até o fim dos tempos. Que se comam um ao outro, que se devorem, e que façam bem feito, até não sobrar nada. A dupla de bucéfalos se merece porque se parece.

Mas voltemos à nossa realidade. Ela é pior que o inferno descrito na Divina Comédia? Não, desde que Lula não retorne à cena política e Aécio também pague pelos seus crimes.

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