Cheira mal, muito mal, a história de Frederick Wassef ter recebido repasses de 2,3 milhões de reais de Bruna Boner Léo Silva, sócia da Globalweb Outsouring, empresa que tem contratos com o governo federal. A grana foi repassada para ele entre dezembro de 2018 e maio último. Wassef tornou-se advogado de Flávio Bolsonaro e do seu pai no fim de 2018.
Deixou de ser em junho deste ano quando Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete de Flávio e parceiro dele em negócios suspeitos investigados pelo Ministério Público Federal do Rio, foi descoberto e preso em sua casa em Atibaia, interior de São Paulo, e sob seus cuidados há mais de 6 meses. À época, Wassef disse que ofereceu abrigo a Queiroz por “razões humanitárias”.
A conta do escritório de advocacia de Wassef recebeu diretamente da Globalweb mais 1,04 milhão durante esse mesmo período. Em 2014, por não ter entregado serviços contratados, a Dataprev, empresa vinculada ao Ministério da Economia, multou a Globalweb em 27 milhões de reais. Com 90 dias de Bolsonaro presidente, o governo suspendeu o pagamento da multa.
Bruna vem a ser filha de Maria Cristina Boner, ex-mulher de Wassef. Em pouco mais de um ano e meio de governo Bolsonaro, a Globalweb ganhou contratos com a União no valor de 53 milhões de reais. Wassef, em outubro passado, quando já advogava para os Bolsonaro, estava a serviço do Grupo JBS junto à Procuradoria-Geral da República. Embolsou por isso 9 milhões de reais.
O Grupo JBS nunca fez distinções entre partidos – desde que eles estivessem no poder ou pudessem alcançá-lo. Distribuiu dinheiro a rodo à esquerda e à direita. Seus principais donos foram presos, delataram e estão soltos. Joesley Batista, um deles, gravou o então presidente Michel Temer dizendo coisas que lhe renderam duas denúncias por corrupção e quase o derrubaram.
Atualização das 15h40 – A propósito do assunto acima, a JBS emitiu a nota que segue:
“A JBS esclarece que o escritório de advocacia mencionado não representa nem se manifesta em nome da Companhia junto à PGR.
A empresa informa que os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e que esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019. Os valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal.
A Companhia mantém um processo de auditoria de fornecedores, os quais são submetidos a due diligence e à aprovação da área de Compliance, o que também se aplica ao caso em questão. Esse processo realizou, ao longo do ano passado, 9.486 análises de forma independente e sistêmica e os casos não conformes foram bloqueados.”