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Um negócio que cheira mal (12/4/2005)

O que Lula tem a ver com isso

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h53 - Publicado em 22 mar 2019, 09h00

Há um forte, generalizado e silencioso constrangimento em algumas áreas do governo com a tentativa ora em curso de se salvar a falida Transbrasil. E por uma única razão: porque o presidente da República em pessoa se meteu no negócio que poderá beneficiar o advogado Roberto Teixeira, o empresário Antônio Celso Cipriani, principal herdeiro da Transbrasil, e o empresário German Efromovich, dono da empresa aérea regional OceanAir e da empresa Marítima que compra e vende plataformas de petróleo.

Teixeira é um dos maiores amigos de Lula. Foi em apartamento cedido por ele em São Bernardo do Campo que Lula morou de graça durante mais de 10 anos. Ex-agente do DOPS paulista e depois marido de uma filhas do dono da Transbrasil, Cipriani trabalhou na campanha eleitoral de Lula em 2002. Foi visto na área vip do palanque da avenida Paulista onde Lula comemorou sua vitória. Efromovich foi professor de Lula há 30 anos no curso de madureza promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Desde o ano passado, o governo examina um polêmico plano de recuperação econômico-financeira da Transbrasil bolado por Teixeira que presta consultoria jurídica a Cipriani, e que já foi membro do Conselho de Administração da Transbrasil. O plano envolve a OceanAir de Efromovich. E é o seguinte: as duas empresas (Transbrasil e OceanAir) criariam uma terceira, que passaria a atuar no mercado de cargas com a marca Transbrasil, e que usaria a infraestrutura que ela ainda detém na maioria dos aeroportos.

Se encampado pelo governo, o plano daria tempo à Transbrasil para ainda tentar escapar da falência. Mas se ela for inevitável, a nova companhia não perderia o direito de continuar se utilizando da infraestrutura dos aeroportos herdada da Transbrasil. Apesar de ter tido sua falência decretada e de não voar mais, a Transbrasil obteve uma liminar na Justiça que lhe garante o uso de hangares, terminais de cargas, escritórios e posições de balcão nos aeroportos. É aqui que entra Lula.

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Existe um parecer do consultor jurídico do Ministério da Defesa, Artur Vidigal, datado do início do segundo semestre do ano passado. Ele assegura que a Transbrasil não poderá vender ou repassar a terceiros a infraestrutura que ainda detém nos aeroportos. Porque ela não pertence à Transbrasil, mas a Infraero. É uma concessão do poder público, que por sinal já caducou. A área jurídica da Infraero pensa a mesma coisa. O governo deveria, portanto, tentar derrubar a liminar na Justiça.

Interessado no sucesso do plano de Teixeira, Lula nega sinal verde a qualquer tentativa da Infraero de reaver a infraestrutura que a Transbrasil não usa mais. Recentemente, a Infraero precisou usar o terminal de cargas que a Transbrasil tem no aeroporto de Manaus. A empresa concedeu o uso à Infraero e espera abater de sua dívida o que a Infraero passa a lhe dever por isso. Lula já telefonou para ministro de Estado pedindo que recebesse Teixeira em audiência e que visse o que poderia fazer por ele.

Recentemente, o vice-presidente da República e ministro da Defesa José Alencar foi mais uma vez ao Palácio do Planalto tratar do assunto. E ao voltar de lá, comentou com assessores que essas coisas “que envolvem amizade” são sempre complicadas. E ponto final – pelo menos por enquanto. Ninguém dentro do governo sabe dizer qual será o desfecho dessa história. Ela cheira mal, muito mal. E poderá causar sérios danos à imagem do presidente.

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