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Síndrome de Estocolmo na Política Nacional

Na síndrome de Estocolmo Política, existem 4 efeitos psicológicos e físicos, que são perfeitamente alinhados com a devoção política

Por Thiago de Aragão
Atualizado em 12 abr 2018, 16h00 - Publicado em 12 abr 2018, 16h00

A Síndrome de Estocolmo é o nome dado a uma condição onde alguns reféns de sequestros desenvolvem empatia ou afeto pelo seu captor. Essa relação não funciona necessariamente para os dois lados, pois o captor muitas vezes demonstra desprezo e frieza em relação ao seu prisioneiro.

No entanto, quando há, na percepção do refém, uma sensação de que seu sequestrador compartilha de valores semelhantes, essa sensação, associada ao medo, aguça o senso de sobrevivência. Assim, a vítima torna-se simpática ao malfeitor que lhe aprisiona.

O apoio altamente emocional, afastado de avaliações frias, claras e lógicas em relação a um determinado político gera uma situação análoga à síndrome de Estocolmo. Principalmente quando não há, por parte do político, a recíproca de sentimentos e sensações.

O pouco que foi ofertado por um determinado líder político a seus seguidores é interpretado como generosidade e bondade e não como obrigação que ele tem pelo cargo que exerce.

Na síndrome de Estocolmo Política (assim como na clínica), existem 4 efeitos psicológicos e físicos, que são perfeitamente alinhados com a devoção política, são eles:

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1.Cognitivo: existe uma confusão mental, geradora de uma memória seletiva, que leva a lembrar apenas de eventos que justifiquem a percepção positiva que se tem do “captor” político;

2. Emocional: a dependência ao captor político e uma devoção quase religiosa ao que ele diz ou sente. No caso da na versão clínica, existe um sentimento de culpa por ter essa apreciação ilógica, porém, no caso político, o sentimento de culpa é substituído e surge uma satisfação por assumir o papel de apoiador do seu captor;

3. Social: ansiedade e irritabilidade. No caso político, essa irritabilidade também surge quando o venerado é criticado, com ou sem razão. É o famoso “tomar as dores” do político, como se ele precisasse disso. Na realidade, é apenas a potencialização da doença;

4. Física: se na versão clínica, um dos efeitos é o surgimento de problemas de saúde; na versão política isso também pode ocorrer devido à alta ansiedade causada pelo medo de perda da incorporação das “benesses” realizadas pelo político favorito e também pelo repúdio às críticas de terceiros.

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De qualquer forma, a paixão desenvolvida por um líder político substitui as raias da lógica e ingressa numa fantasia apaixonada que só quem vive consegue explicar ou justificar. Há uma sensação de conexão pessoal com aquele indivíduo que mesmo tendo realizado coisas positivas dentro de sua obrigação (ressalto, ele não fez qualquer favor ao povo), trouxe mais mal do que bem.

A percepção desse mal, no entanto, é dissolvida e colocada como insignificante perante as ditas coisas boas que fez. Isso quando não são justificadas pelos pares como artifícios necessários para a realização do “bem coletivo”. Passam a agir como se fosse correto apropriar-se privadamente de algo para executar benefício a algum grupo, que, por sinal, são exatamente aqueles que o defendem.

Quando um indivíduo se encontra nesse ponto, ele está envolto numa Síndrome de Estocolmo Política e seu papel de refém se torna prazeroso, pois, além de trazer um sentido, por incrível que possa parecer, gera a sensação de relevância por fazer parte de algo não compreendido pelos outros, e considerado por eles como histórico.

 

Thiago de Aragão é sócio e Diretor da Arko Advice, Pesquisador Associado do think tank britanico Foreign Policy Centre e do think tank francês IRIS (Institut de Relations Internationales et Strategiques) 

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