A História, quando se repete, é como farsa. Mas o presidente Michel Temer não liga. Acha que deu certo seu esforço para desacreditar o ex-Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, autor das duas denúncias de corrupção que por pouco não lhe custaram o mandato.
Quer repetir a dose com o ministro Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, que quebrou seu sigilo bancário e o dos seus amigos Rodrigo da Rocha Loures e o coronel João Baptista Lima, suspeitos de intermediar propina para Temer.
Rocha Loures foi filmado carregando pelo centro de São Paulo uma mala com R$ 500 mil que acabara de receber a título de propina paga pelo Grupo J&F. O coronel é homem de confiança de Temer que alega há mais de um ano problemas de saúde para não ter que depor.
“O ministro quer reescrever a Constituição para me perseguir”, diz Temer a quem o procura ou por ele é procurado. E orienta seus interlocutores de maior confiança a repetirem o mesmo discurso por toda parte. É o que eles estão fazendo.
Ocorre que Barroso não é Janot. O mandato do ex-procurador tinha data certa para acabar – e quando acabou, Temer o substituiu por Raquel Dodge que era adversária de Janot entre os procuradores cotados para o cargo.
Barroso completou 60 anos de idade na semana passada. Tem mais 15 pela frente antes da aposentadoria compulsória. Janot pode ter pisado na bola quando apresentou a segunda denúncia de corrupção contra Temer. Barroso ainda não pisou até aqui.
Ele atendeu a um pedido da Polícia Federal quando prorrogou o prazo do inquérito que apura se Temer recebeu ou não dinheiro sujo da Odebrecht. E o fez naturalmente com base em informações de que é possível que isso tenha acontecido, do contrário não o faria.
Temer resolveu apostar num jogo de muito risco para ele porque é Barroso quem dá as cartas. O baralho é dele.