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PF, verso e reverso: Bolsonaro do riso ao xingamento (por Vitor Hugo)

É tão evidente o viés provocador e vingativo

Por Vitor Hugo Soares
Atualizado em 30 jul 2020, 18h53 - Publicado em 30 Maio 2020, 11h00

Duas repentinas ações de buscas e apreensões da Polícia Federal – com autorizações divergentes, sentidos opostos e sinais trocados – fizeram o país estremecer, mais uma vez nesta semana. A primeira, no Rio de Janeiro, por ordem do ministro Benedito Gonçalves, do STJ, fez o presidente sorrir irônico dos apuros dos investigados e derramar-se em elogios à PF no estado governado por Wilson Witzel, um dos maiores inimigos dele e de seus filhos. A segunda, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes – em que os agentes da lei bateram na porta das casas e escritórios de empresários, parlamentar, blogueiros, provocadores acampados em frente ao Congresso, além de celebridades, gente do peito e aliados do mandatário – deixou Bolsonaro apoplético e quase fora de controle, a ponto de, na frente do Alvorada, para seguidores, fazer o seu mais agressivo e ameaçador discurso, concluído com um insólito “Esta é a última vez.acabou.Porra”. Precisa desenhar?

A Operação Placebo,– que a enrolada deputada Carla Zambelli, e outros aliados dos atuais donos do poder preferem chamar de “Covidão” – se apóia na justa motivação de apurar desvios na Saúde, em tempo de pandemia covid-19, incluindo os hospitais de campanha no Rio. Ainda assim, soa estranha e cheia de lacunas à espera de explicações. “Francamente, nem parece coisa da Polícia Federal”, imagino que diria o ex-governador e frasista consagrado da política nacional, Leonel Brizola.

É tão evidente o viés provocador e vingativo do caso, que desde já cabe recordar o famoso refrão “Vai dar bode” de um personagem de Jô Soares na comédia do nosso cinema. Principalmente se a polícia que o presidente elogia partir para cima de outros governadores. Ainda que Witzell e seu governo careçam de confiança e até mereçam investigações sérias e judiciosas por suspeitas de desvios e malfeitos de várias ordens, incluindo malversação de dinheiro público.

De saída, pensei comparar o caso no Rio ao extraordinário e aterrador “O Barril de Amontillado”, clássico conto sobre vingança, de Edgar Alan Poe, com o enredo da ação autorizada pelo ministro do STJ, permitindo entre a entrada da polícia, para fazer devassa no Palácio das Laranjeiras, na antiga residência do governador e até no escritório de advocacia da primeira dama do estado, Helena Witzell. Conhecidas as primeiras informações do caso – e as suspeitas de manipulação policial em torno dele – percebi que seria um equívoco comparar a obra prima de Poe com as “batidas” saídas da caneta do ministro Benedito: no estilo, na forma e no conteúdo. Mas faço ressalva para destacar semelhança que ainda considero válida nos dois caso s: o implacável sentimento de vingança que move as duas narrativas. Em “O Barril de Amontillado”, o narrador estabelece, logo nas primeiras linhas, que a vingança só é efetiva, e cumpre o seu objetivo, se a vítima tem plena noção e conhecimento do motivo da ação de quem se vinga. Neste caso, o governador Witzel, na operação Placebo, e o personagem Fortunato, no conto de Poe, emparedado vivo por Montresor, na adega de sua mansão (para onde atrai o inimigo ) se assemelham. E muito.

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No reverso da moeda, a obra e arte do ministro Moraes, que levou o mandatário do Planalto ao umbral do desespero no preocupante ataque de nervos de quinta-feira, melhor e mais seguro é não fazer comparação, tão surreal se apresenta a situação. Ou não?

 

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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