As redes sociais vieram para comunicar e confundir. Para juntar que nem goma arábica (antigo, não?) ou dissolver que nem soda cáustica. Tem, como tudo na vida, um lado bom e um lado ruim. Depende da forma de usar. Quando delas se abusa, os efeitos colaterais são a tagarelice e a superficialidade, entrecortados por “kkk” e “te amo”.
De fato, virou obrigação opinar sobre tudo e como a sabedoria impõe limites e a burrice é infinita, os mais relevantes assuntos são tratados sem os devidos cuidados a exemplo das mudanças climáticas que se inserem na complexa e sensível questão ambiental.
A abordagem superficial de uma visão interdisciplinar é reduzida a uma peleja simplista e radicalizada entre catastrofistas que têm certeza absoluta de que, em breve, o aquecimento global resultará no churrasco gigantesco de milhões de terráqueos; os céticos para quem a natureza tem um funcionamento imprevisível e independente da influência antrópica.
A reboque do debate que buscasse uma compreensão razoável, palpiteiros e charlatães de todo tipo lidam com leviandade conceitos científicos como efeito estufa, biosfera, entropia, CO2, camada de ozônio, e tratados internacionais, jamais consultados, a exemplo do Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris.
No meio do mimimi em que se digladiam heróis e vilões, o Brasil desfruta de uma situação privilegiada porque está “condenado” a se transformar numa sociedade sustentável, movida por fontes de energias limpas ou, para os mais exigentes, de baixo impacto ambiental. Na origem, a natureza batizou nosso País – o pau brasil – e selou o destino de protagonista ambiental.
Neste sentido, o Nordeste decisivamente contribui para a sustentabilidade da nação brasileira e do Planeta Terra.
A propósito, a região oferta 80% da energia eólica gerada no país (15 mil MW, equivalente a uma usina de Itaipu, 10% da matriz energética nacional, uma alta de 20 vezes em uma década) por conta dos ventos fortes, constantes e estáveis.
Junto aos bons ventos, o sol do semiárido, a maior insolação do mundo que sempre causticou, hoje, abre caminhos para uma gigantesca oferta de energia solar.
No dia 5 de agosto, data histórica para o desenvolvimento sustentável, o Governo Federal inaugurou a primeira etapa da usina fotovoltaica flutuante no reservatório de Sobradinho. De quebra, a usina reduz a evaporação.
Desta forma, os nordestinos podem bater no peito e dizer em alto e bom som: o nosso petróleo não polui, não acaba e é um presente do céu.
Gustavo Krause foi ministro da Fazenda do governo Itamar