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O nome de Deus em vão, e a ”força única” das milícias

Por perto da família Bolsonaro.

Por Mirian Guaraciaba
Atualizado em 30 jul 2020, 19h28 - Publicado em 3 set 2019, 11h01

O juiz Marcelo Semer, escritor e ex-presidente da Associação Juízes pela Democracia, lembrou no Twitter o que Jair Bolsonaro pensava sobre milícias, em 2008: “O governo deveria apoiá-las, já que não consegue combater os traficantes. E talvez, no futuro, legalizá-las”.

O futuro chegou.

Bolsonaro não mudou de idéia. Em sua vida pública, se fez algum movimento, foi de ré. Retrocesso é com ele mesmo. No que tange ao desrespeito, à discórdia, e teorias da conspiração, é craque. Em fevereiro de 2018, já como candidato, voltou a defender a milícia, em entrevista a Jovem Pan.

 “Tem gente que é favorável à milícia, que é a maneira que eles têm de se ver livres da violência. Naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”, prega, sem constrangimento.

Hoje, no Rio, a milícia é responsável pelo desaparecimento de uma pessoa a cada dois dias. Sem contar cemitérios clandestinos descobertos pela policia, com dezenas de ossadas. E, acredite se puder, os milicianos estão se unindo para formar uma “força única”. Não é vaticínio. É arremate,  do delegado Gabriel Ferrando, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).

A milícia sempre esteve por perto da família Bolsonaro. Flavio, o senador, empregou parentes de milicianos em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. Condecorou o major da PM Ronald Pereira, quando já era investigado como um dos autores da matança de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense.

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Um dos milicianos que participou do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, era vizinho de condomínio do presidente. O filho do capitão namorou a filha do assassino, que está preso.

As ligações do capitão e sua família com a milícia não só ameaçam a segurança da população. Envergonham o País. No final de maio, quando o tio da primeira-dama Michelle foi preso acusado de atuar com a milicia do Distrito Federal, a renomada The Economist contou aos seus leitores sobre os laços da família (que diz ter Deus acima de tudo), com milicianos.

O afamado Fabricio Queiroz, descoberto por Veja morando em São Paulo, faz elo entre os Bolsonaro e a milícia. Queiroz foi testa de ferro de Flavio. A Policia Federal no Rio de Janeiro avançou nas investigações sobre o ex-motorista do senador. Mas está de mãos atadas pelo “grande herói nacional” Sergio Moro.

Desmoralizado publicamente, Moro viu Bolsonaro trocar a superintendência da PF do Rio. Sem explicação. O sociólogo José Cláudio Souza Alves, autor de “Dos barões ao extermínio, a história da violência na Baixada Fluminense”, não tem dúvidas: “Queiroz é uma “peça de dobradiça”, que liga a política institucional às ações criminosas.

Há 26 anos, Souza Alvez estuda organizações que atuam como grupos de extermínio no Rio de Janeiro. Esses criminosos são os principais suspeitos pelo assassinato da vereadora e seu motorista. Essa semana, completam-se 540 dias desde o assassinato. Até hoje não se sabe quem mandou matá-los.

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As milícias crescem e se multiplicam no governo Bolsonaro. Há fermento para isso: pregação oficial da violência na cidade e no campo, desgoverno, o pacote de segurança do mal-afamado Moro, que defende a ampliação da letalidade policial com o excludente de ilicitude, e o discurso enfurecido do capitão: bandido bom é bandido morto.

O doloroso relato da mãe que teve o filho assassinado pela milícia no ano passado, em Nova Iguaçu, é, sem dúvida, a face mais atormentada da cruel realidade brasileira e sua “força única” paramilitar . “Antes, tínhamos medo dos filmes de terror na televisão. Hoje, vivemos o terror ao vivo”.

Caminhamos rapidamente para a República das Milícias. 

 

Mirian Guaraciaba é jornalista, paulista, brasiliense de coração, apaixonada pelo Rio de Janeiro  

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