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Por Coluna
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O medo e seus fantasmas

Psicanálise da Vida Cotidina

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 20 ago 2019, 13h00

Numa breve consideração sobre o Medo, é imprescindível diferenciar o medo real do medo  imagético, o medo que toma a mente de uma pessoa diante de uma situação inédita, nova.  O medo real é fisiológico, situação ansiogênica que merece discriminar os perigos reais, e  para isso requer que se  tome cuidados necessários.

Quero nesse momento dar ênfase ao imaginário. Guimarães  Rosa na fala de Riobaldo, no Grande Sertão Veredas diz que, ao longo da vida a pessoa vai perdendo o medo de viver e o medo de morrer, o medo maior é de “nascer”. Nascer, entenda-se, desde o nascimento propriamente dito ao viver situações inéditas, escolhas diante das encruzilhadas da vida, fatos que simbolizam novos nascimentos. Pois bem, tenho observado na clínica e na vida, que as pessoas criam um verdadeiro inferno íntimo, privado, quando estão em vias de viver uma situação inusitada. Antes da experiência real, a mente é poluída por imaginações estonteantes, fantasias conscientes e inconscientes do pode acontecer. São pré-conceitos, são historinhas fantasmáticas criadas não no  sentido elaborativo, mas numa forma de defesa para não experimentar situações prazeirosas e dolorosas. As fantasias que acompanham as pessoas nesses momentos, são uma forma de achar que podem  controlar uma experiência  ainda não vivida, isto é, criam “verdades”,  conjecturas imaginativas  e com isso recuam ao ousar passar por uma vivência ainda não sabida. Esse medo é um medo que não favorece  ao crescimento e desenvolvimento psíquico, é um medo que obstrui a possibilidade de expandir a vida e dela criar novos “nascimentos”. Clínicamente é o que se chama de fobia. A fobia é um sintoma que exige uma fuga, um recuo, uma forma de evitar viver dúvidas, incertezas e mistério diante do viver. Ocorre geralmente em pessoas com funcionamento obsessivo, controlador, onipotente que chegam a criar uma espécie de “alucinação” do que acha que vai acontecer, ato contínuo, se defendem, empobrecendo dessa maneira viver experiências. Pessoas que não admitem falhas, erros, com ideal de perfeição, com  isso restringindo a riqueza da vida. O filósofo Nietzsche em “Humano, demasiado humano” escreve: “O erro tornou o homem profundo, delicado e inventivo a ponto de fazer brotar as religiões e as artes. O puro conhecimento teria sido incapaz disso. Quem  nos desvendasse a essência do mundo nos causaria a todos a mais incômoda desilusão. Não é o mundo como coisa em si, mas o mundo como representação (um erro) que é tão rico em significado, tão profundo, maravilhoso portador de felicidade e infelicidade”.

Deixo o leitor com a sugestão de Guimarães Rosa no Grande Sertão – “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim, esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que quer da gente é coragem”.

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