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O maior fura-teto é o Bolsonaro (por Helena Chagas)

Os desenvolvimentistas

Por Helena Chagas
Atualizado em 18 nov 2020, 20h02 - Publicado em 13 ago 2020, 10h00

O ministro da Economia, Paulo Guedes, teve um gesto ousado ao usar a demissão dos secretários Salim Mattar (Privatizações) e Paulo Uebel (Desburocratização) para encostar o presidente da República na parede e forçá-lo a reafirmar seu credo na agenda liberal. À primeira vista, pode parecer ter dado certo. Mas a reunião de ontem à noite no Alvorada, na qual Jair Bolsonaro reafirmou apoio ao teto de gastos e às privatizações, não garantiu nada do ponto de vista concreto. Foi, acima de tudo, uma cenografia montada para acalmar o mercado — como ficou claro nos 40 segundos de sua fala, que Bolsonaro encerrou com pressa como se cumprisse um script, passando a palavra a Rodrigo Maia.

O que num primeiro momento pode dar certo, também pode dar muito errado mais adiante. A declaração regulamentar de apoio ao teto de gastos e às privatizações, não exibiu maiores entusiasmos. O presidente, que já tinha minimizado a demissão dos secretários e, de certa forma, passado a mão na cabeça dos “fura-teto” do governo – os militares do Planalto, ministros como Rogério Marinho e parte da base política do Centrão – não parecia ter recuado.

Do ponto de vista de Bolsonaro, tudo indica que a atitude continua mais ou menos a mesma. Finge que fecha com seu Posto Ipiranga – porque sua demissão seria um grande transtorno — , mantém o discurso da responsabilidade fiscal mas, na prática, vai empurrando o teto com a barriga até que ele caia. Aliás, o mesmo que fez com as privatizações, a reforma administrativa e outras promessas do receituário liberal. Não saíram porque o presidente não quis. Vai querer agora?

Todo mundo sabe que o verdadeiro fura-teto desse governo se chama Jair Bolsonaro, que é também fura-privatização, fura-reforma administrativa, etc…Os fura-teto que Guedes chamou para a briga esta semana – e que foram na reunião do Alvorada – não surgiram por geração espontânea. Rogério Marinho (Desenvolvimento), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), o general Braga Netto (Casa Civil) e Fabio Faria (Comunicações) são a parte visível de um grupo político que defende que, sobretudo depois da pandemia, a única chance de sobrevivência de Bolsonaro – significando chegar competitivo a 2022 – é injetar dinheiro público em obras que gerem empregos e em programas sociais e de renda.

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Na chapa-quente desse segundo ano de mandato, o presidente, que só pensa na reeleição, passou a ter com eles mais afinidade do que tem hoje com seu ministro da Economia. É esse é o dado do momento.

Bem que Paulo Guedes contemporizou com decisões presidenciais contrárias às reformas e cedeu em muitos pontos para agradar Bolsonaro. Ao longo da pandemia, por exemplo, gastou obedientemente tudo o que o chefe mandou, e os cerca de R$ 5 bilhões que estimou inicialmente cresceram para mais de R$ 400 bilhões.

Mas todo sujeito tem um limite. Talvez Guedes, por trás da paz aparente e superficial celebrada ontem, esteja sentindo que logo chegará ao seu. Amigos garantam que ele não pedirá demissão, mas estaria botando nos pratos da balança as chances reduzidas de fazer a economia deslanchar a curto prazo e ainda levar os louros por isso. Nesse cálculo de taxa de sucesso pessoal, entraria a perda de sua narrativa, com provável drible no teto, o fracasso de reformas como a administrativa e a recusa do Congresso na aprovação do imposto sobre pagamentos que quer criar.

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Talvez percebendo que, mais dia, menos dia, Bolsonaro e os desenvolvimentistas do governo vão vencer, Paulo Guedes pode estar pavimentando uma porta de saída, larga o suficiente para que possa passar carregando a biografia neoliberal na bagagem, rumo a outras viagens.

 

Helena Chagas é jornalista

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