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O grande mudo volta a quebrar o silêncio

Recados do Comandante do Exército a quem interessar

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 18 nov 2020, 19h44 - Publicado em 14 nov 2020, 08h00

Ao contrário do seu antecessor, o general Eduardo Villas Boas, que gostava de falar e que pelo menos uma vez pressionou o Supremo Tribunal Federal para que negasse habeas corpus pedido por Lula, o general Edson Leal Pujol pôs uma trava na língua desde janeiro de 2019 quando assumiu o comando do Exército.

Em julho daquele ano, baixou uma norma para frear o ativismo político de soldados e oficiais nas redes sociais. Vinculou suas manifestações ao que está “fielmente prescrito no Estatuto dos Militares e no Regulamento Disciplinar do Exército”. E para dar o bom exemplo, fechou suas contas no Twitter e no Facebook.

Quando o presidente francês Emmanuel Macron criticou o governo brasileiro por causa das queimadas na Amazônia, e Villas Boas,  então assessor do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, falou em “ameaça de guerra”, Pujol tirou por menos. Disse à saída de uma visita ao Congresso:

– A França é um país de tradição de liberdade e de democracia. Certamente não há motivos para nós nos sentirmos ameaçados.

Em novembro de 2019, às vésperas de mais um aniversário da Proclamação da República, falou pela primeira vez. Numa curta ordem do dia com apenas sete parágrafos, valeu-se três vezes da palavra “profissão” ou “profissionalismo” para destacar o compromisso do Exército com a liberdade e a democracia.

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E agora, exatamente um ano depois, voltou a falar. Em uma live, na quinta-feira, foi curto e grosso: “Nosso assunto é militar. Não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Não queremos fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre em nossos quartéis”.

Ontem, em palestra na Escola Superior de Guerra, Pujol retomou o assunto. Não poderia ter sido mais claro:

“Não somos instituição de governo, não temos partido. Nosso partido é o Brasil. Independente de mudanças ou permanências de determinado governo por um período longo, as Forças Armadas cuidam do país, da Nação. Elas são instituições de Estado, permanente. Não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar e como cumprir nossas missões”.

O general deve ter lá suas razões para quebrar o silêncio por dois dias seguidos. Afinado com ele, seu colega de farda Hamilton Mourão, vice-presidente da República, correu a apoiá-lo. Segundo Mourão, quando a política entra nos quartéis pela porta da frente, a disciplina e a hierarquia vão embora pela porta dos fundos.

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Há poucos dias, as Forças Armadas foram alvo de chacotas depois que o presidente Jair Bolsonaro, ao refletir sobre o risco de o presidente eleito dos Estados Unidos impor sanções econômicas ao Brasil se ele não cuidar melhor da Amazônia, disse que quando a diplomacia fracassa só resta o caminho da pólvora.

Os militares ficaram muito constrangidos com isso. Antes haviam ficado com a humilhação imposta por Bolsonaro ao general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, desautorizado por ele ao anunciar que o governo compraria a vacina chinesa contra o coronavírus. Bolsonaro concordara com o anúncio, mas recuou.

O constrangimento cresceu porque, somente nesta semana, Bolsonaro bateu duas vezes de frente com Mourão e por motivos fúteis. O primeiro, por Mourão ter dito que considerava Joe Badin praticamente eleito – coisa que voltou a repetir ontem. O segundo, por causa de um estudo do Conselho Nacional da Amazônia.

Pujol parece ter traçado uma linha que não deve ser ultrapassada nem por seus colegas, muito menos pelo presidente da República que sempre se comportou como uma vivandeira de quartel, “a bolir com os granadeiros e a provocar extravagâncias do poder militar”, na feliz expressão do ex-presidente Humberto Castelo Branco.

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Melhor Bolsonaro já ir se acostumando.

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