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Por Coluna
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O Brasil é maior que eles

Os fanáticos de um lado e de outro continuam a se digladiar com todas as armas, boa parte delas ilegais e imorais.

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 20h13 - Publicado em 28 out 2018, 10h00

O domingo derradeiro das eleições 2018 chega com um travo, um amargor, com um gosto azedado por uma campanha que criou mais dúvidas do que certezas, que fez mais mal do que bem. Nada que se pareça com a grande festa da democracia.

Os fanáticos de um lado e de outro continuam a se digladiar com todas as armas, boa parte delas ilegais e imorais. E no miolo não são raros os que só querem o fim da agonia, que o dia passe depressa e venha logo o amanhã.

Na linha avessa ao dito popular, nas últimas três semanas muito se plantou – mentiras e mais mentiras, muitas cabeludas – e, independentemente do resultado, nada de bom se colheu.

Os times dos dois finalistas semearam violência verbal e até física, ultrapassando todos os limites da civilidade. A escalada da intolerância grassou nos dois campos da disputa, quase sempre adubada pelos próprios candidatos.

Duas frases – “vamos varrer do mapa os bandidos vermelhos”, brado de Jair Bolsonaro em vídeo para os manifestantes que lotaram a Avenida Paulista no dia 21, e “Bolsonaro é anti-humano, é tudo que tem de ser varrido da face da terra”, dita por Fernando Haddad para um público universitário no dia seguinte -, dão a dimensão exata da disposição zero de ambos para respeitar ideias divergentes, um dos pilares da democracia. Quanto mais conviver com elas.

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A democracia, diga-se, nunca tinha sido tão ultrajada em uma campanha. A palavra e o conceito. Em nome dela, e, em tese, para evitar que ela venha a faltar em um provável governo Bolsonaro, fez-se gato e sapato.

Prostituída nos governos de Lula e Dilma Rousseff, que deram apoio a todo tipo de ditadura – de Muammar Kadhafi a Mahmoud Ahmadinejad, de Fidel Castro a Hugo Chávez, e todos os chamados “bolivarianos” -, a democracia ganhou status na campanha de Haddad para colar o selo de ditador no adversário e alavancar a “virada”.

Bolsonaro ajudou no intento. Tem histórico de admirador do golpe de 1964, de militares e até de torturadores. Fala impropérios, ameaça as minorias, não esconde sua preferência por um governo “aqui mando eu”. Seu filho, Eduardo, tem ainda menos papas na língua, a ponto de esculhambar a Suprema Corte. “Bastam um cabo e um soldado para fechar o STF”.

Mas nada disso faz com que a democracia morra a partir da vitória do ex-capitão.

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Haddad, apegado em democratices de palanque que em nada se assemelham aos conceitos de democracia, e Bolsonaro, que não tem qualquer intimidade com ela mas prefere mandar em um general do que ser mandado, fazem a disputa final em um Brasil que é outro.

Nos últimos 30 anos, o país fez uma nova Constituição, elegeu presidentes pelo voto direto, por sete vezes. Cassou dois. Tomou as ruas contra a corrupção. O Ministério Público e a Justiça puseram políticos e ricos atrás das grades. Lula, o Deus que comprou parlamentares, que queria expulsar correspondente estrangeiro, controlar a mídia e o Judiciário, e se tri-eleger, foi derrotado em todas as tentativas de vilipendiar a democracia. Está na cadeia. E há poucos dias o eleitor mudou o Congresso Nacional.

Ao eleito hoje cabe compreender que a vitória é mais do que a soma da maioria absoluta dos votos. Significa ser o presidente de todos. Se quiser varrer do mapa ou da face da terra alguém ou alguma coisa, corre o risco de, democraticamente, ser varrido.

Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan

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