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Mais de 50

Ô aninho danado de ruim

Por Tânia Fusco
Atualizado em 30 jul 2020, 19h13 - Publicado em 14 jan 2020, 10h00

Parece que foi ontem. Mas ontem era 2019 que, graças a Deus, passou. Ô aninho danado de ruim!

O parece-que-foi-ontem vai ficando visível depois dos 40/50. Para as mulheres, particularmente. Na América Latina, principalmente. Pois então… duas francesas da faixa dos 40 – Caroline de Maigret e Sophie Mas – escreveram sobre a madurice, que chega aos 40.

O livro “Mais velha, mas melhor, porém mais velha” (Older, but better, but older), pelo posto em entrevista publicada no Brasil, é bem-humorado. Mas… trata mais do but better e menos do but older.

As autoras ressalvam: “Não é um livro sobre a terceira idade.” (Maldita expressão que pretende aliviar o que vem por aí e que se apresenta aos 50, cola aos 60 e segue até o end of life).

“Sabemos o que esperar quando chegarmos aos 60 anos”, diz Caroline. Sabem mesmo?

As francesas falam da “invisibilidade” que vem com os 40. Sophie conta que tem um marido 13 anos mais jovem que não se importa com suas rugas. “Mas, quando vou às festas de seus amigos, sou completamente invisível. Isso foi um golpe para mim.”

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Caroline complementa: No meu caso, foi mais sexual. Nas festas sentia que certos homens, que antes teriam um torcicolo na minha passagem, já não me viam nem mesmo passar. E eram os mesmos.

Lá como cá, but older é justamente quando vamos ficando invisíveis para questões sensuais e sexuais. Mais do que a ausência dos olhares de cobiça, nas mulheres dói a falta do colágeno que faz a pele frágil e, nos casos mais graves, desmoronada.

Não há academia ou gelatina que reponha o maldito colágeno. Ajudam mas não curam.

Envelhecer não tem nada de romântico. É ruim, é chato. Inexorável e conflitante. A cabeça é sempre bem mais nova do que o corpo. Ou seja, o colágeno mental tem prazo de validade maior do que o do esqueleto, dos músculos e da pele. O que, benza Deus, é a parte boa. Escape para levar a tragédia do envelhecer para a seara do bom humor.

O que não tem remédio, remediado está.  E vem a serenidade com os desejos – sexuais ou não. A tranquilidade e o agradecimento: melhor a velhice do que morte. O que, nas mais sábias, provoca risos pela condescendência admitida.

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E até a invisibilidade passa a ser divertida. Não foi sempre assim. As boas memórias são trunfos e troféus. Se não estão na prateleira, estão na lembrança. E isso é pessoal e intransferível. Faz da idosice um mar de boas histórias – contáveis ou só memoráveis.

Assim vamos levando. Fica divertido o seu passe pé-na-cova, que lhe garante vagas nos estacionamentos; sua preferencial passagem curta nas filas longas; o acesso rápido e muito mais confortável no embarque do avião; o tratamento compreensivo com suas bobeiras no trânsito, com suas loucuras e distrações; e, para quem tem, a imbatível relação com netos.

As francesas, ainda nos 40, brincam: Você percebe que o tempo passou quando suas ressacas são mais numerosas do que suas festas; quando uma marca no rosto, que pensava ser de travesseiro, continua lá três semanas depois; quando vai o ginecologista para tratar de mamografias e não de contracepção.

Ou, a lá brésilens, quando você gasta parágrafos pra falar de dissabores da velhice e não do governo tosco, da crise do Iran, das balas perdidas, do Trump, das filas aviltantes do INSS ou da contaminação (sabotagem?) da cerveja mineira.

Pra encerrar, Caroline, a escritora francesa, reproduz fala da sogra de 82 anos: “A idade nunca deve ser uma desculpa para não partir de repente, apaixonar-se, mudar de profissão. Melhor se temos uma forma de serenidade, mas a improvisação deve continuar.”

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Improvise.

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