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Governo Bolsonaro desce a escada saltando degraus

Mourão e o terno da posse

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 24 jun 2020, 08h33 - Publicado em 24 jun 2020, 08h00

Ensinou o ex-presidente José Sarney quando há muitos anos lhe perguntei a respeito: “O primeiro compromisso de quem assume a presidência da República no Brasil é o de assegurar condições para completar seu mandato”. Cito a resposta de memória.

Leitor voraz de livros de história, com uma longa carreira como político, Sarney sabia que não seria fácil completar o mandato que herdara de Tancredo Neves, o presidente eleito em 1985 que morreu sem tomar posse depois de ser operado sete vezes.

Assistira de longe a ascensão de Getúlio Vargas em 1930, sua queda em 1945, a volta em 1950 e o suicídio em 1954; de perto, as rebeliões militares que ameaçaram o governo de Juscelino; a renúncia de Jânio em 1961; e a deposição de Goulart em 1964.

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Era para Sarney ter governado por seis anos. A Constituinte de 1988 subtraiu-lhe um ano de mandato. Governaria só por quatro, não fosse o apoio que recebeu dos militares para que governasse cinco anos. Foi sucedido por Fernando Collor, deposto em 1992.

Aos 90 anos de idade, lúcido e em boa forma, acompanha a agonia do presidente Jair Bolsonaro que, a essa altura, se dará por feliz se conseguir governar pelo menos até 2022. Sarney, mas não só ele, acha que Bolsonaro já deu adeus ao sonho de se reeleger.

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Bolsonaro começou a cair depois da reunião ministerial de 22 de abril quando anunciou sua decisão de intervir na Polícia Federal e perdeu a companhia do ministro Sérgio Moro, da Justiça. Generais que o cercam avisaram: mantenha Moro no governo.

Como antes o preveniram: em meio a uma pandemia que você faz questão de chamar de gripezinha, não é hora de demitir o ministro da Saúde. Deixe a pandemia passar para substitui-lo mais tarde. Bolsonaro demitiu Mandetta e provocou a saída do seu sucessor.

A fatídica reunião ministerial custou também a cabeça do ministro da Educação pelo o que ele disse sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, e acelerou o processo de enfraquecimento dos ministros do Meio Ambiente e das Relações Exteriores.

Mas a maior vítima da reunião foi o próprio Bolsonaro, exposto ao país em vídeo tal como é na intimidade. De lá para cá, ele desce a escada saltando, às vezes, mais de um degrau. Se antes emparedava os demais poderes, o emparedado, agora, é ele.

A prisão de Fabrício Queiroz, cujo paradeiro Bolsonaro conhecia, arrombou a porta para uma denúncia futura do Ministério Público sobre a cumplicidade da família presidencial com milicianos e o crime organizado no Rio. Haverá cenário pior para Bolsonaro?

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Antes da metade do seu mandato, ele virou refém de um fugitivo encontrado, da família do fugitivo, de ex-funcionários do filho Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, da memória do celular do ex-ministro Gustavo Bebbiano e de um advogado pilhado.

É refém dos inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal sobre a máquina bolsonarista de produção de notícias falsas e o financiamento de manifestações de rua contra a democracia. Sem dispor de um partido para defendê-lo, é refém do Centrão.

Governar jamais foi seu forte. Imaginar que, de repente, será capaz de liderar o país nos meses que faltam para que a pandemia se esgote e a recessão econômica se agrave, é tão provável como ganhar sozinho o maior prêmio da Mega-Sena duas vezes seguidas.

O vice-presidente Hamilton Mourão não parecerá precipitado se começar a tirar desde já as medidas para o terno de posse. Tampouco desleal, longe disso. Vice não é nada até que passa a ser tudo. Está na Constituição que ele jurou respeitar.

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