Inquieto e sempre apressado, o pateta do meio da foto acima, José da Graça de Jesus Negreiros, 68 anos, foi embora ontem, cedo demais, depois de lutar quase uma década contra um câncer de próstata.
Dos três, era o mais ranzinza, implicante, teimoso e irreverente, mas também o mais instigante, criativo, divertido e imprevisível na maior parte do tempo, data vênia Armando Mendes, o da ponta direita.
Armando era o racional por excelência, detalhista, capaz de detectar um erro onde ele aparentemente não existia, e estilista de mão cheia.
Negreiros, emoção acima de tudo, um implacável demolidor de verdades estabelecidas, capaz de ir além dos seus próprios limites, sem jamais perder o humor ferino que muitas vezes se voltava contra ele mesmo.
Tive o privilégio de ter trabalhado com ele por sete anos no Jornal do Brasil, e por oito no Correio Braziliense. Nunca mais nos separamos a ponto de sua primeira mulher ter-me dito, certa vez, que somente eu seria capaz de aturá-lo pelo resto da vida. Tentei…
Foi um dos mais brilhantes jornalistas que conheci – repórter de faro apurado, editor caprichoso que sabia extrair o melhor de uma história, correspondente internacional versátil capaz de transitar com desenvoltura por todas as áreas do conhecimento.
Deixou sua marca por onde passou – entre outros jornais, O Globo, Gazeta Mercantil, O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasília.
Espero, um dia, reunir os melhores casos de Negreiros para que sirvam de estudo em escolas de jornalismo.