Roga-se muitas vezes aos brasileiros que não levem a sério tudo o que seu presidente lhes diz. Mas como pedir o mesmo a investidores estrangeiros quando Jair Bolsonaro diz que o Brasil está quebrado e que por isso ele não pode fazer nada?
A “Operação Abafa o que o Presidente Falou” foi deflagrada tão logo os ministros mais próximos de Bolsonaro ficaram sabendo de suas declarações birutas no dia de ontem. Como todas tinham a ver com a economia, o ministro Paulo Guedes saiu na frente.
Guedes talvez seja o melhor tradutor de Bolsonaro. Depois de ouvi-lo, inverte o sentido do que ele disse ou quis dizer. Segundo Guedes, Bolsonaro quis dizer que o governo precisa manter sua credibilidade e respeitar o teto de gastos.
A regra do teto limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação. Guedes a usa como argumento para rejeitar a ideia de ampliar gastos e de prorrogar o auxílio emergencial a trabalhadores informais. Bolsonaro tem horror à regra.
“Não há nenhuma divergência entre nós. Obviamente, o presidente se referiu à situação do setor público”, contemporizou o ministro da economia. Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica de Guedes, festejou a fala de Bolsonaro.
“O que o presidente deu foi uma tremenda declaração em defesa da consolidação fiscal. É um tipo de declaração que mostra para todo o mercado que ele está comprometido não apenas com a agenda de reformas, mas com a de consolidação fiscal”, disse.
Segue o baile.