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Cuidado Bino, é uma cilada!

Era óbvio que o aumento dos preços dos combustíveis geraria uma resposta maciça dos sindicatos de caminhoneiros.

Por Thiago de Aragão
Atualizado em 27 Maio 2018, 10h00 - Publicado em 27 Maio 2018, 10h00

A greve dos caminhoneiros no Brasil só se tornou épica porque o governo federal quis que assim fosse. Como quem dá nó em cadarço retirando-o totalmente do sapato, o atual governo complicou o que poderia ter sido resolvido de forma mais simples. Pois quando a Petrobras anuncia aumento no preço dos combustíveis, já se sabe que se trata de uma medida impopular. A transversalidade das análises do brasileiro logo busca rejeitar o aumento por meio de críticas ao funcionamento do governo como um todo. Quanto a isso, nada mais justo, é assim mesmo que uma sociedade reclama.

O que faltou, nesse caso, foi explicar a necessidade de tal medida. Aumento de preço sempre é ruim, mas saber a razão pela qual isso estava sendo feito, ainda que não resolvesse a crise, daria uma narrativa a ser utilizada por todos os personagens envolvidos.

Ao mesmo tempo, sabe-se que a relação entre governo e Congresso não é boa. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), definitivamente afastado do presidente Michel Temer (MDB), não recebeu bem a nomeação de Moreira Franco para comandar o Ministério de Minas e Energia. Independentemente disso, e sabendo a forma como Maia lidera a Câmara, o projeto de aumento dos combustíveis deveria ter sido debatido com ele no Planalto antes de vir a público.

Também afastado do governo, o presidente do Senado,Eunício Oliveira (MDB-CE), não perderia a oportunidade de atravancar outros temas de interesse do Planalto na Casa (como MPs que vencem ou a PLC nº 79), caso não fosse ouvido a priori em relação a uma estratégia conjunta de comunicação sobre o aumento. Não se trata de pedir autorização ao Congresso, mas de antecipar um planejamento de contingência sabendo que a equação “medida impopular + governo impopular” não gera resultado positivo.

Finalmente, era óbvio que o aumento dos preços dos combustíveis geraria uma resposta maciça dos sindicatos de caminhoneiros. Certamente, não seria pior do que foi se antes de ser anunciada tivesse sido negociada com algumas lideranças sindicais. Tudo poderia ter sido amarrado a priori. Como isso não é feito, todo o processo de negociação passou a ser um reality show que só expôs a fragilidade dos participantes.

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A situação tornou-se tão esdrúxula que, em nome do populismo, vários políticos que defendem o equilíbrio e a recuperação financeira de Petrobras se colocaram contra a medida. O senador Cássio Cunha Lima (MDB-PB), por exemplo, sugeriu a demissão de Pedro Parente, presidente da estatal, no que foi seguido por senadores de quase todos partidos da base aliada. Colocando o governo contra a parede, o esfacelamento da base veio com a inclusão da alíquota zero de PIS/Cofins no PL que trata da reoneração da folha de pagamento.

Com essa crise, causada pela casca de banana que o próprio governo jogou na rua, membros do MDB começaram a lançar o nome do ex-ministro Nelson Jobim na imprensa como potencial substituto do também ex-ministro Henrique Meirelles no pleito presidencial. A troca pode até não ocorrer, mas, sem dúvida, é uma mensagem de insatisfação que o partido do presidente envia ao Palácio do Planalto. Isso enfraquece o que está fraco. E não fortalece ninguém.

Thiago de Aragão é sócio da Arko Advice e Fellow do Instituto das Americas – California.
Twitter: ThiagoGdeAragao 

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