Salvo os políticos de oposição, os demais preferiram observar em silêncio as primeiras horas do Caso Moro-Dellagnol detonado pelo site The Intercept Brasil. Prudência e caldo de galinha sempre fazem bem – ou não é?
No escurinho dos gabinetes ou dos apartamentos funcionais de Brasília, em sussurros para não serem ouvidos por estranhos, eles trocaram impressões sobre o que poderá acontecer a Moro, mas concluíram: melhor esperar.
Esperar o quê? As próximas revelações prometidas pelo site. Se elas não forem mais comprometedoras para Moro como as que já se conhece, ele deverá ficar ministro mesmo que baleado. Mas se forem mais comprometedoras, aí…
Mesmo assim ele poderá ficar. Bolsonaro pouco terá a perder se o conservar ao seu lado ou à distância segura. Se antes, com todo o gás, Moro rendeu-se a todas as suas vontades, quanto mais fraco. De resto, sua grife não se desvalorizará rapidamente.
O que se dá como certo no Congresso é que, ali, haverá a partir de hoje grande barulho e aumentarão as dificuldades para que se vote qualquer coisa importante. Mau sinal para quem cobra pressa na aprovação da reforma da Previdência.
O ministro Paulo Guedes, da Economia, identificou o perigo quando disse que sempre que uma decisão importante para o país está prestes a ser tomada, o governo é surpreendido “por uma avalanche de eventos” que acabam por paralisá-lo. Deu exemplos:
“Gravaram o presidente Michel Temer. Não vai ter reforma da Previdência. Pronto, acabou. Toda hora tem uma [divulgação]. Uma é o Michel Temer, outra é o filho do Bolsonaro, outra é não sei o que lá, hoje é o do Moro. Não foi por falta de tentativa, toda hora tem uma [bomba].”
Tempos estranhos, esses, onde um político na folha da Câmara dos Deputados há mais de 28 anos se elege presidente da República como se político jamais tivesse sido, e um juiz que condenou seu principal adversário aceita de bom grado o convite para ser seu ministro.