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Cartas de Nova York: Depois da tempestade

A neve acumulada nas ruas durante os primeiros dias do ano começou a derreter esta semana. E com a neve, a boa vontade do nova-iorquino também foi sumindo

Por Luisa Leme
Atualizado em 12 jan 2018, 15h39 - Publicado em 11 jan 2018, 15h00
Neve acumulada nas ruas de Nova York (Luisa Leme/Arquivo pessoal)

Se as festas de fim de ano preencheram a cidade com fantasia, a alta do inverno durante as primeiras semanas do ano comprovou que o nova-iorquino pode mesmo chegar a ser o cidadão mais mal-humorado do país. Chega de luzes de Natal e jingle bells. Agora a cidade mais lembra as cenas de guerra do Game of Thrones. Toda a neve acumulada nas ruas durante os primeiros dias do ano (que agora está preta de sujeira, só atrapalhando o tráfego de pessoas) começou a derreter esta semana. E com a neve, a boa vontade do nova-iorquino também foi sumindo, dando lugar à rabugice geral nas ruas, no metrô, em lojas e supermercados.

Pois é, o inverno é um pouco difícil por aqui, as nevascas atrapalham toda a chegada dos “transplantes” à cidade. Nova York para, mas o trabalho dos nova-iorquinos continua, então fica difícil aproveitar o “snow day”. Este ano, o trânsito de aviões no aeroporto JFK (unido ao caos geral com direito a alagamento de um terminal) fez muita gente chegando de férias mais deprimida com a cidade. As filas são longas, os casacos pesados, a neve fica grossa nas calçadas e o nova-iorquino perde a paciência com o outro. Pela manhã um maluco no metrô se irrita com a senhora passando por ele e grita até parar todos dentro do vagão do metrô. A frustração com o passo mais lento para não cair na neve faz os passantes competirem pelas passagens cavadas nas esquinas. Não existe mais “excuse me” sem um olhar bem feio na sua direção. Filas furadas ou cheias demais tornam-se motivo de brigas com estranhos. As pessoas viram um sinal de perda de tempo. Nunca vi tanta gente bufando assim por aqui.

E olha que o ano não começou tão mal em Nova York. De jeito nenhum. O frio não cancelou a festa de Ano Novo nem a inauguração do prefeito Bill de Blasio. A cidade comemora esta semana o menor número de mortes por atropelamento desde 1910. Nova-iorquinos agora podem usufruir de oito semanas de licença maternidade ou paternidade. A cidade está processando grandes empresas petroleras por causa do aquecimento global e continua uma ilha que recepciona imigrantes muito bem, fazendo uma afronta às políticas do governo federal.

E o número de assassinatos na cidade caiu de 2.245 em 1990 para 286 em 2017. Apesar da grande desigualdade econômica e social por aqui, aqueles que possuem um emprego na cidade seguem 2018 com essas notícias otimista sobre o lugar onde moramos.

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Mas não adianta. A neurose incurável do nova-iorquino não deixa ninguém aproveitar. De telefones em punho, munidos de fones de ouvido, gorros, casacos fechados e rostos emburrados, esperamos todos mal-humorados pelos trens atrasados do metrô.

Que choque é voltar a Nova York depois de sair um pouco da cidade. Acho que a gentileza foi passar férias em outro lugar.

Luisa Leme é jornalista e produtora de documentários. Passou pela TV Cultura e TV Globo em São Paulo, e pelas Nações Unidas em Nova York. Mora nos Estados Unidos há oito anos . Sempre no twitter: @luisaleme

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