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Cartas de Buenos Aires: O “nenhum a menos”

No país onde o movimento “Nenhuma a menos” nasceu, e uma mulher morre a cada 29hs nas mãos de um homem, o termo violência de “gênero” entrou em discussão

Por Gabriela G. Antunes
Atualizado em 20 jan 2018, 14h00 - Publicado em 20 jan 2018, 14h00

O rosto angelical de Nahir Galarza, de 19 anos, parece ter saído de um desses documentários do Netflix, como aquele que foi feito com a norte-americana Amanda Knox, acusada, e posteriormente inocentada, embora a controvérsia sobre sua inocência continue, de assassinar friamente uma colega na Itália. Ou mesmo de um filme hollywoodiano como, por exemplo, Assassinos por Natureza. Há nela algo de Juliette Lewis, uma aparente fragilidade que pode ocultar uma silhueta emocional sombria.

No dia 30 de dezembro, essa silhueta deixou seu namorado, Fernando Pastorizzo, de 21 anos, agonizando no chão de uma das ruas da cidade onde morava, Gualeguaychú, a 200 km de Buenos Aires, com um tiro a queima roupa no peito e outro dado pelas costas. A mesma silhueta sombria é captada escondendo-se das câmeras de segurança e caminhando por vinte quadras até sua casa onde guardou a arma do pai no lugar de costume, escreveu um post no Instagram e dormiu.

“Cinco anos juntos, brigando, indo e vindo, mas sempre com amor, te amo para sempre meu anjo”, escreveu Nahir em seu Instagram naquela noite, poucos dias antes de confessar o crime.

No país onde o movimento “Nenhuma a menos” nasceu, e uma mulher morre a cada 29 horas nas mãos de um homem, o termo violência de “gênero” entrou em discussão para, possivelmente, tornar-se mais abrangente.

Nos últimos dias, a imprensa local publicou os chats do rapaz assassinado com um amigo, onde descreve o espancamento que havia sofrido nas mãos de Nahir e de sua amiga, pouco tempo antes de morrer.

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Os movimentos feministas se adiantaram em dizer que não se trata de uma violência ao contrário já que, em uma primeira instância, a defesa da assassina tentava pintá-la como uma jovem abusada, uma vítima silenciosa e traumatizada de um relacionamento tóxico.

As autoridades parecem descartar essa versão da defesa.

“Nos acostumamos a essa violência machista que quase todos os dias arrancam a vida de uma mulher, muitas adolescentes e jovens. Mas uma garota atirar duas vezes em seu namorado não é algo que acontece todos os dias (…). Cumpre com uma das regras que tornam notícia um fato: a excepcionalidade”, escreveu a jornalista Mariana Carbajal, parte do coletivo “Nenhuma a menos”. Para Mariana, a violência contra as mulheres é um fenômeno social, algo que não seria generalizado no caso dos homens.

Coube a própria irmã de Fernando, Carla, dar sobriedade à discussão. “A luta feminista contra a violência de gênero também busca dar visibilidade à violência das mulheres contra os homens, instâncias que não são denunciadas por causa da chacota imposta pelo patriarcado”, escreveu em uma rede social.

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As vítimas não têm gênero.

Violência (iStock/Getty Images)

Gabriela G. Antunes é jornalista. Morou nos EUA e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín.

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