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Cara nova, roupa velha

Cuba muda pero no mucho

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 25 abr 2018, 14h00 - Publicado em 25 abr 2018, 14h00

Em Cuba os sobreviventes da geração da Sierra Maestra – da qual restaram as figuras legendárias de Raul Castro e Ramiro Valdez – dão lugar a uma nova nomenclatura formada no aparato do estado e do Partido Comunista. A face mais visível da troca de guarda é o novo presidente cubano, Miguel Dias-Canel, 58 anos, “eleito” pela Assembleia Nacional por 603 votos entre 604. Provavelmente, só ele se absteve na votação, um gesto de modéstia que Josef Stalin também praticava quando era eleito com 99,99% dos votos dos membros do soviete supremo.

“Unanimidade” é praxe em países comunistas de ditadura de partido único em que eleição é meramente ornamental. A sucessão verdadeira se decide por outros meios. Na Coreia do Norte, de pai para filho, em Cuba por meio do dedazo. A dedo, Fidel Castro indicou seu irmão Raul Castro para sucedê-lo e a dedo Raul escolheu Dias-Canel para substituí-lo.

Ainda assim, em uma transição torta. As rédeas do Partido Comunista e das Forças Armadas, onde se concentram o poder de fato, continuarão enfeixadas nas mãos de Raul Castro até 2021. Esse modelo de transição é o mesmo de 12 anos atrás, quando Fidel trouxe seu irmão para o primeiro plano.

Cuba muda pero no mucho. Está de cara nova, mas é mais do mesmo, como deixou claro o novo presidente em seu discurso continuísta.

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Miguel Dias-Canel se apressou em dizer que não há espaço para quem pensa em restaurar o capitalismo e que defenderá a “obra colossal da revolução socialista”. No máximo, implementará um pouco mais de velocidade às tímidas reformas econômicas iniciadas há dez anos por Raul Castro.

Essas reformas abriram espaço para a iniciativa privada em áreas de serviço, mas sem alterar substancialmente o modelo econômico pautado na inexistência de uma economia de mercado, no planejamento estatal e no controle dos meios de produção pelo Estado.

Com muita boa vontade, alguns analistas comparam Raul Castro a Deng Xiao Ping, o dirigente comunista que abriu o caminho para a China ser a potência econômica de hoje. Nada a ver. Os próprios dirigentes cubanos rechaçam a hipótese de seu país seguir o modelo por chineses e vietnamitas. Insistem no molde do “socialismo com peculiaridades cubanas”.

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Os dez anos de Raul não foram suficientes para dar fim ao perverso câmbio duplo, que divide os cubanos em duas categorias: os que tem acesso à moeda conversível – o CUC – e os que recebem o peso não conversível. A crise da Venezuela – de quem Cuba passou a depender depois do fim da URSS – pressiona o novo presidente da ilha a dar mais ritmo às reformas, antes que a economia entre em colapso de vez.

Na política, nada muda. O poder continuará sendo monopólio do Partido Comunista.

Tudo isso explica porque a população de Cuba ficou apática diante da troca de comando no regime: suas vidas não irão melhorar com a assunção de Miguel Dias-Canel.

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