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Por Coluna
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Buraco sem fundo

O retrocesso econômico e social imposto pelo governo Temer pede urgência na reconstrução do Brasil.

Por Mirian Guaraciaba
Atualizado em 18 set 2018, 14h00 - Publicado em 18 set 2018, 14h00

Elizabete, 60 anos, 37 vivendo na rua. Há algum tempo, juntou-se a Walmir, 50 de idade. E a Santos, 45. O trio perambula pelas ruas do Leblon, o metro quadrado mais caro do Brasil. Vão se ajeitando sob marquises, buscando proteção do sol e do frio. Sim, nesses meses de agosto e setembro, tem feito friozinho no Rio. Vento forte, precedendo a chuva, que, muitas vezes, cai generosa sobre a cidade. Elizabete, Walmir e Santos disputam coberturas e atalhos com outras dezenas de moradores de rua que foram se multiplicando nos últimos tempos no Rio de janeiro. Como, de resto, em todo o país..Foram chegando. Permanecendo..

Nesses dias de 2018, a cada 100 metros, no Leblon, há um homem, uma mulher, uma criança, deitados em papelões, cobertores. Separados. Ou juntos. Carrinhos de supermercados, malas rasgadas, sacos plásticos, cada um carregando seus pertences como dá. Cada dia, num lugar. Nos fins de semana, se enfileram nas portas dos bancos e de lojas fechadas. Durante a semana, em qualquer trincheira. Entre os moradores do bairro, muitos gostariam de expulsá-los, e há até quem se revolte contra os que tentam aplacar a dor da fome e da miséria. Há quem os proteja. Mas a ninguém escapa o desconforto das cenas de sujeira e abandono que vão se tornando cada vez mais costumeiras na cidade maravilhosa.

Elizabete diz que não gosta da rua. Mas não quer voltar para casa. “Na minha casa, tem muita regra para seguir”, diz, sorrindo com um único dente à mostra. Falante, Elizabete (faz questão do nome inteiro, não gosta de apelidos), responde por Walmir. “Ele saiu de casa porque o filho pôs ele na rua, bebia demais”. Continua bebendo demais. Enquanto presta atenção à conversa, Walmir leva à boca uma garrafa de cachaça. Compartilha com os parceiros.

Indigência. Degradação. Ao que chegamos? Buraco sem fundo. Anos de estabilidade e crescimento, e retrocedemos. No bolso. Na alma e no corpo. A população de rua cresce a olhos vistos, na cara da gente. Se as estatisticas não mentem, hoje há no Brasil mais de cem mil pessoas morando nas ruas das principais cidades. No Rio, diz a prefeitura, são cinco mil. Mas já se falou em 10 mil, 15 mil… Em São Paulo, fala-se em 15 mil, 20 mil… Uma conta que nunca fecha.

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O retrocesso econômico e social imposto pelo governo Temer pede urgência na reconstrução do Brasil. À exceção de Bolsonaro, de quem se espera apenas o pior, os candidatos sabem que é premente estancar a sangria social. É preciso, mais que tudo, devolver empregos roubados pela crise e restituir o poder de compra ao trabalhador. Elizabete que já é da rua há quase 40 anos, quer continuar na rua… Milhões de brasileiros querem de volta trabalho, casa e comida. Decência; Nada mais.

Mirian Guaraciaba é jornalista, paulista, brasiliense de coração, apaixonada pelo Rio de Janeiro  

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