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Por Coluna
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Bolsonaro um dia vai bater no muro

Estamos cansados de saber que não é preciso base legal para aprovar um impeachment – basta um estado de espírito político

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 19h32 - Publicado em 1 ago 2019, 11h01

O jurista Miguel Reale defende interdição. O ministro do STF Marco Aurélio Mello acha que o ideal é uma mordaça. O colunista Zé Simão sugere uma daquelas injeções que veterinários e caçadores aplicam para imobilizar animais selvagens. Parece majoritária hoje no país a opinião de que é preciso haver um meio de fazer Jair Bolsonaro parar de dizer (e fazer) coisas absurdas, que agridem a cidadania, desrespeitam a história e ofendem valores fundamentais da democracia.

Só que Bolsonaro não pára. Em sua escalada retórica, é uma jamanta sem freios descendo desembestada a ladeira, em velocidade cada vez maior. No caminho, vai atropelando, arrastando, esmagando o que passa na frente. Incontrolável, o presidente não ouve ninguém – e não hesita em esmagar os próprios auxiliares que dele ousam discordar.

É preciso lembrar, porém, o que acontece com caminhões desembestados ladeira abaixo. Uma hora param. Quando ninguém consegue segurar, se estrepam. Capotam, batem em outras jamantas em sentido contrário ou se espatifam de encontro a muros e prédios. Esse é o destino que espera Jair Bolsonaro, que ainda está início da ladeira, se não der um jeito de frear.

Em vez de mordaças, injeções paralisantes ou interdições, a oposição está propondo a saída institucional: o impeachment. Mas, no momento em que se completam sete meses de governo, e no dia seguinte à aprovação da reforma liberal mais sonhada pelo establishment – a Previdência – dificilmente a iniciativa vai andar. Mais por essas circunstâncias do que por qualquer razão formal ou jurídica. Afinal, estamos cansados de saber que não é preciso base legal para aprovar um impeachment – basta um estado de espírito político.

Esse estado de espírito, apesar da escalada de absurdos na narrativa bolsonariana, ainda não se configurou – o que não quer dizer que não virá. Depende essencialmente de dois fatores:

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1. A perda, mais acelerada do que já se registra, da popularidade presidencial. Muitos acreditam que Bolsonaro capricha no discurso do atraso e da intolerância para manter unida sua base mais radical. A questão é saber a que tamanho esse núcleo chegará. Nas últimas pesquisas, apesar da sangria, ainda tinha 30%. Dificilmente, porém, este será o piso de Bolsonaro, e é possível que o desgaste se acelere depois da última rodada de afirmações absurdas. Presidentes impopulares, em ponto de impeachment, não costumam ter mais de 10% de aprovação. Nessa hora, o establishment político debanda e começa a articular o futuro.

2. A reação da economia. Se a promessa de que a reforma da Previdência trará investimentos, empregos e retomada do crescimento não se concretizar nos próximos meses – o que é difícil – não restará discurso ao establishment econômico. PIB e empresariado toleram Bolsonaro por causa da agenda liberal de Paulo Guedes. Se esta se esvaziar, ou se mostrar ineficaz, as elites econômicas se juntam ao andar de baixo e apoiam o impeachment.

Só que nada disso é para já. Aconselha-se aos passageiros da jamanta que se segurem na boléia porque a descida está apenas começando.

Helena Chagas é jornalista 

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