Que grande negócio fez Sérgio Moro! Em menos de oito meses passou de juiz herói, o combatente número um da corrupção, rara unanimidade nacional, a ministro da Justiça cada vez mais fraco do presidente da República que ajudou a eleger.
A que termina amanhã foi uma semana infame para ele. Está para perder o aliado que pôs na presidência do Conselho de Controle de Atividades Financeira (COAF) depois de ter perdido o próprio conselho que passará à órbita do Banco Central.
Num período de 24 horas, ouviu de Bolsonaro que seu pacote de leis anticrime não é prioridade do governo, e que ao renunciar à toga ele perdera o condão de decidir questões ao seu gosto. Para completar, no Facebook, Bolsonaro fez chacota com ele.
Restou a Moro assinar um decreto pondo à disposição do Ministério da Educação a Guarda Nacional para reprimir, se necessário, a manifestação estudantil marcada para o próximo dia 13. E processar o presidente da OAB que o teria caluniado.
Há muito foi pelo ralo a promessa feita por Bolsonaro de nomear Moro ministro do Supremo. O ex-juiz desgastou-se com a revelação das mensagens que trocou com os procuradores da Lava Jato. O lugar será de um ministro “terrivelmente evangélico”.
Moro está numa encruzilhada: ficar onde está sujeito às caneladas do capitão, obedecendo a todas as suas ordens, na esperança de recuperar-se mais tarde? Ou pedir as contas e ir para casa, recolher-se ao silêncio e dar tempo ao tempo?
Bolsonaro fez de Moro seu ministro para não tê-lo como adversário em 2022. Se um dia abandoná-lo é porque Moro deixou de representar um obstáculo para ele. Sua jogada está dando certo. Bolsonaro pode ser tosco, mas é esperto. Bobo foi Moro.