É assim que acontece sempre que a democracia sofre um colapso e até que ela seja restaurada. Não há espaço vazio na política. Quando ele se abre é imediatamente preenchido, por direito ou por fato.
Evo Morales, presidente da Bolívia, renunciou ao cargo e voou para o exílio no México. Seu vice e os presidentes da Câmara e do Senado renunciaram ao direito de sucedê-lo.
O primeiro e o segundo vice-presidentes do Senado, também. Em uma sessão do Congresso sem quórum, Jeanine Ánez, a terceira vice-presidente do Senado, declarou-se presidente da República.
E presidente estava até o amanhecer de hoje. O Brasil do presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro país a reconhecê-la como presidente da Bolívia. Espera-se a convocação de novas eleições.
“Foi golpe”, comentou um dos ex-assessores de Morales. No México, Morales já havia denunciado o “golpe”, esquecido que por meio de outro ele tentara governar o país pela quarta vez. Aí foi demais.
Por aqui, quando os militares deflagraram o golpe de 64, o Congresso apressou-se em decretar vago o cargo de presidente da República embora João Goulart ainda estivesse no país.
“Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”, pontificou em 1968 o então ministro do Trabalho Jarbas Passarinho durante a reunião do Ato Institucional nº 5.
Foi naquela ocasião que a ditadura tirou a máscara e se assumiu como tal. Fechou o Congresso. Cassou mandatos. Adotou a tortura como política de Estado. Matou quase 500 desafetos.
Melhor sorte à Bolívia!