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Por Coluna
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As tensões na agenda

A força do mandatário-mor em princípio de governo tende a abafar questionamentos

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 20h01 - Publicado em 20 jan 2019, 12h00

Passadas três semanas de governo, não é possível apontar se as medidas econômicas terão eficácia, mas os primeiros passos permitem tirar conclusões: a guinada do Brasil à direita remarcará, externamente, sua posição no concerto das nações e, internamente, acentuará os níveis de tensão entre os exércitos de Jair Bolsonaro e movimentos que até então lideravam a mobilização social. Na área política, poderemos ver distensão até as oposições retomarem o fôlego.

Na moldura mundial, o Brasil se distanciará do campo da social-democracia, particularmente na Europa, onde o sistema é forte. E vai se aproximar das nações que desfraldam a bandeira da direita e do unilateralismo. Esse reposicionamento foi claramente exposto pelo chanceler Ernesto Araújo: caminharemos sozinho em algumas estradas, afastando-nos do multilateralismo que baliza nossa política externa desde tempos remotos.

Seu argumento: cada nação pode trilhar o caminho que julgar adequado. Mais: a cultura ocidental enfrenta um ataque do “globalismo”, que abriga o “marxismo cultural”. Pensamento próximo ao do presidente norte-americano Donald Trump, que defende o controle da imigração para a proteção do ideário, valores e identidades dos países.

A demarcação na política externa é um grande risco, a partir da reação negativa de países árabes e asiáticos, como a China que, segundo Bolsonaro, “quer comprar o Brasil”. Isto implicará um reposicionamento de nossa política na esfera dos organismos internacionais que abrigam interesses das nações, como ONU, OMC, MERCOSUL, entre outras.

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No plano interno, a maneira direta do presidente se expressar sinaliza tensão elevada. A animosidade estará nas frentes da imprensa, de movimentos sociais e de parcela da academia. A imprensa acompanha a vida política do presidente desde o passado, registrando casos em que se envolveu com discussões ásperas e quase sempre abordando de maneira negativa sua visão de direita. Para ele, a imprensa é inimiga.

Movimentos sociais, como o MST, núcleos ligados à arte (principalmente artistas da Globo) e intelectuais alinhados ao lulismo vão continuar atirando em Bolsonaro, que revidará agora com a faixa presidencial. Pauta densa: ideologia de gêneros, armamento, terras indígenas, direitos humanos, inserção militar no governo etc.

No Congresso, a tensão poderá subir mais adiante. A força do mandatário-mor em princípio de governo tende a abafar questionamentos, arrefecendo as oposições. Partidos e lideranças entrarão no ringue quando o governo se mostrar por inteiro. Ao PT interessa que o presidente entre na guerra do Nós e Eles. O apartheid social sempre foi o oxigênio petista.

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Se a economia responder de forma positiva, as querelas serão amainadas.  Mas o Brasil ganhará novo retrato na moldura dos direitos e deveres, cujos escopos serão defendidos por esquerda e direita. A divisão será transparente. Quem aguarda tempos de paz e harmonia vai se decepcionar.

Uma chama de esperança: se o aumento do Produto Nacional Bruto da Felicidade (PNBF) bater na casa 7 numa escala de 10, será possível um ciclo de harmonia. No mais, Bolsonaro precisa se guiar pelo bom senso para evitar a barbárie. Terá condições?

 

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político 

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