Acordo Mercosul e União Europeia faz água graças à Argentina, diz Mourão
Vice-presidente finge que não vê a devastação da Amazônia
De duas, uma. Ou o vice-presidente Hamilton Mourão pouco entende de Amazônia e de acordos comerciais, ou entende, mas não pode falar a verdade a respeito.
O general se orgulha de ter cara de índio. E de ter servido ao Exército na Amazônia durante muitos anos. Graças a isso assumiu recentemente o comando do Conselho Nacional da Amazônia.
O acordo comercial do Mercosul com a União Europeia faz água porque Alemanha, França, Holanda, Noruega e Irlanda reprovam a maneira como Brasil cuida da Amazônia. Ou melhor: descuida.
Pois Mourão preferiu jogar a culpa pelo eventual naufrágio do acordo nas costas da Argentina, em sua situação econômica e de saúde. Por Covid-19, morre-se mais aqui do que na Argentina.
Mourão também preferiu culpar a imprensa pelo que afirmou na semana passada Angela Merkel, a primeira-ministra alemã. Ela disse que o desmatamento da Amazônia só tem feito aumentar.
Os atuais níveis das queimadas na Amazônia “são como agulha no palheiro”, minimizou Mourão. Segundo ele, o Brasil é tratado com preconceito por outros países, mas que não é vilão ambiental.
Como não é? Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, a devastação da Amazônia em igual período deste ano aumentou 25% – exatos 3.069,57 quilômetros a mais.
Quando se fala da Amazônia, os sentimentos dos brasileiros são de tristeza, indignação, vergonha e medo, conferiu pesquisa da Federação Brasileira de Bancos e do Ipespe, divulgada ontem.
Oitenta e três por cento dos entrevistados dizem estar pouco ou não estar satisfeitos com preservação da Amazônia. A insatisfação se espalha por todas as faixas etárias e todos os níveis de ensino.
No primeiro ano da Amazônia sob Bolsonaro, houve uma explosão de 34% no desmatamento em relação ao ano anterior. Só Mourão não viu. Nem Bolsonaro. Nem os militares que apoiam o governo.