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Por Coluna
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A riqueza de viver o tempo presente

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 6 abr 2018, 16h00 - Publicado em 6 abr 2018, 16h00

O homem sempre ocupa sua vida com questões direcionadas ao passado e ao futuro, na maioria das vezes queixando-se do que não realizou; lutos não elaborados de perdas, desapontamentos que deixam ressentimentos, ódio, e às vezes uma necessidade obsessiva de vingança. No outro polo, a vida é projetada a partir de fantasias do futuro, no caso, de preocupações excessivas e imagéticas como doença, medo de morrer, angústia por não poder controlar os acontecimentos.

Enfim, se de um lado a memória enrijecida quanto ao passado permeia a mente de lamentos e ressentimentos, no outro extremo, o futuro aterroriza, através de fantasias catastróficas, pois é totalmente desconhecido e temido.

Entre o espaço temporal do passado e do futuro, existe o tempo do presente. Aliás, se pensarmos bem só existe o tempo presente, uma vez que tanto o passado é passado presentificado assim como o futuro é um tempo imagético no presente.

Numa carta, datada de 4 de maio de 1771, em seu fulgurante e explosivo livro Os sofrimentos do jovem Werther de J. Wolfgang Goethe, o gênio alemão escreve: “Oh! Mas o que é o homem, sempre a lamentar-se de si mesmo? Quero corrigir-me, caro amigo, e prometo que o farei; não quero mais, como tenho feito até agora, remoer os males que o destino nos reserva; quero gozar o presente, e considerar o amigo: nesse mundo haveria menos sofrimentos, se os homens (Só Deus sabe por que eles são assim!) não se ocupassem com tanta imaginação, em fazer voltar a lembrança das dores passadas, em vez de suportar um presente tolerável”.

O que Goethe já intuía sobre essa capacidade exacerbada da imaginação, das fantasias conscientes e inconscientes, enfim, da atividade onírica, tanto do sono como da vida de vigília? Intuía que não o excesso de racionalidade, mas uma forma de parceria entre o iluminismo e romantismo, feito elaborado de um modo genial por Thomas Mann em sua obra, particularmente a Montanha Mágica já tirando proveito das ideias de Freud.

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Aliás, Freud nos deixou essa herança magnífica – resgatar os afetos sem prejuízo da racionalidade! É bem verdade que, nem sempre constatamos essa virtude, esse modo de funcionamento mental, onde razão e afeto se unem para expansão do crescimento e desenvolvimento do Ser.

Oxalá ainda há possibilidade de disciplinar mais as fantasias e racionalidade para que possamos experienciar o tempo presente, como dizia nosso poeta Vinícius: “eterno enquanto dure”.

Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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