O baixista Christian McBride, 46 anos, é um dos expoentes da geração de músicos que ficou conhecida como os Young Lions. Os jovens virtuosos que renovaram o jazz nos anos 90, promovendo o revival do tradicional be bop, que havia estado apagado, por propostas mais vanguardistas. Com idade média de 23 anos, eles tinham em comum a formação acadêmica, que na geração anterior à deles era rara.
Nascido na Filadélfia, McBride mudou-se para Nova York em 1989, aos 17 anos, para estudar música clássica na prestigiosa Juilliard School. Na verdade, ele acabou assistindo as aulas somente no primeiro ano do curso. Mal havia completado duas semanas de sua chegada à cidade, Christian McBride foi contratado pelo saxofonista Bobby Watson. A partir daí, começou sua carreira profissional tentando conciliar as aulas pela manhã com as apresentações e viagens da banda.
“Estudar na Juilliard tinha sido um pretexto para me mudar a Nova York”, explica Mc Bride. “Eu queria mesmo era tocar nas jams sessions de seus clubes e aprender tudo sobre jazz, com os músicos fantásticos que estavam por lá”. E Christian McBride foi logo integrando-se a diversos grupos de importantes figuras do jazz como Freddie Hubbard, Benny Golson, Milt Jackson, J. J. Johnson e Hank Jones.
Aos 23 anos, Christian McBride lançou seu primeiro disco solo, Gettin’ To It (Verve -1995). Em sua banda estavam outros young lions como o trompetista Roy Hargrove; o saxofonista Joshua Redman; e o pianista Cyrus Chestnut. Desde então, McBride tornou-se um dos baixistas mais requisitados de sua geração. Como acompanhante, está presente em mais de 300 álbuns, de vários intérpretes. Desde Ray Brown, Chick Corea e Pat Matheny, no jazz, até James Brown, Sting e Paul McCartney no R&B e no Rock.
Ganhador de seis prêmios Grammy, Christian McBride se divide atualmente entre o trabalho com o trio de piano, baixo e bateria; e a liderança de sua big band. Com o trio, ele ganhou o Grammy de melhor improviso em solo de jazz, em 2015, com a peça Cherokee, do álbum Live at the Village Vanguard. Em 2017 ganhou, pela segunda vez, o Grammy para a melhor orquestra de jazz. Dessa vez, com o álbum Bringin’It, em que se destacam as faixas Gettin’ To It e Youthful Bliss.
Christian McBride considera que o extenso trabalho como acompanhante lhe deu a visão do que é se um bom bandleader. “O líder deve fazer como Miles Davis, que foi o maior bandleader de todos os tempos”, comenta o baixista. “Miles dava aos músicos apenas as instruções básicas do que queria da banda, e deixava que cada um contribuísse com sua própria identidade musical”.
No vídeo a seguir, temos a Christian McBride Big Band em uma apresentação na sala de concertos do Jazz At Lincoln Center. Poderemos escutar duas peças que estão no álbum Bringin’It: Used’ta Could e Thermo.
https://youtu.be/aQYiaLIqlNo?t=14m34s
Flávio de Mattos é jornalista, escreverá aqui sobre jazz a cada 15 dias. Dirigiu a Rádio Senado. Produz o programa Improviso – O Jazz do Brasil, que pode ser acessado no endereço: senado.leg.br/radio