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Por Coluna
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A maldição da burocracia

“Volte amanhã, o expediente encerrou”.

Por Gustavo Krause
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 25 ago 2019, 12h00

A cena é cruel: um homem de 101 anos carregado pelos familiares (15/08) para fazer prova de vida exigida pelo INSS em agência bancária do Itaú na cidade de Porangatu, Goiás.

Max Weber, teórico da burocracia, modo legal-racional das organizações, está dando voltas no túmulo. Sua concepção degenerou. Mais do que profissão virou um estamento povoado por burocratas. No público e no privado. O mais grave: o burocrata tem uma visão de mundo e um estilo de vida. Como o chato, é um ser onipresente e, como o Estado é um “monstro frio” gigantesco, o burocrata se confunde com funcionários estatais.

Porém, existem pai, mãe, filho, político, médico, jogador, advogado etc..e até amante burocrata que não dá a segunda, prefere uma cópia autenticada da primeira. Burocrata não pensa, repete; não cria, copia; não discute, obedece; não reflete, aquiesce. São sádicos e necrófilos.

Sádico porque sente um gozo inebriante quando diz, maquinalmente, ao suplicante: “Volte amanhã, o expediente encerrou”.

Necrófilo porque ama um arquivo morto. Existem dois tipos: carimbocratas cultuam o Deus-Carimbo; papirófilos alimentam-se de churrascos e doces de papel.

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Esta criatura se transforma em peça da engrenagem malvada, sem rosto, que Jurandir Freire Costa chama de “Ninguém” e Octávio Paz, de “Desencarnado”: a dominação da “Impessoa”.

Refugiado na máquina perversa, o burocrata stalinista mandou para eternidade centenas de milhões de soviéticos; o burocrata hitlerista, genocida, assassinou corpo e alma de milhões de judeus. E diante do Tribunal de Nuremberg, o silêncio de Rudolf Hoess, monstro de Auschiwtz, é revelador: supliciar e acionar as câmeras de gás eram tarefas triviais para o funcionário exemplar, definidas por Hannah Arendt como a “banalidade do mal”.

Pois bem, a burocracia brasileira mimetiza a malvadeza. Persegue o cidadão brasileiro do berço (registro de nascimento) ao túmulo (atestado de óbito). Com eficiência digital de última geração enfia a mão no bolso do contribuinte, ao longo de cinco meses, abocanha mais de 35% da renda suada e devolve com uma solene banana o que seria o serviço público básico. Que se danem o custo Brasil e o ambiente de negócios favorável ao investimento.

Cabe, por justiça, uma palavra de reconhecimento do notável Helio Beltrão (Ministro da Desburocratização, 1979-1983), um D. Quixote da causa, cujos avanços obtidos foram destruídos pelos poderosos propinodutos. Resta torcer pelo desfecho positivo de MP da liberdade econômica que correu riscos de caducidade e de ser desfigurada pela esperteza dos “jabutis”.

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