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Por Coluna
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A diplomacia da vacina (por Celso Ming)

Enquanto EUA quer patente, China ajuda países pobres

Por Celso Ming
26 dez 2020, 12h00

Quando a questão são as vacinas contra a covid-19, as políticas dos países mais avançados são opostas à da China.

Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Reino Unido e Japão trataram, também aí, de aplicar o princípio do presidente Trump: meu pirão primeiro e os demais, ao deus-dará.

A China fez o contrário. Mesmo antes de conhecer sua eficácia, colocou à disposição de qualquer país suas vacinas. O Brasil, por meio do Instituto Butantã, além de matérias-primas para desenvolvimento da Coronavac, recebeu 3 milhões de doses. Emirados Árabes e Bahrein acabam de garantir seus suprimentos. Indonésia já recebeu 1,2 milhão de um total de 50 milhões já contratados. E as Filipinas também fecharam encomendas há algumas semanas.

Como afirma o presidente filipino, Rodrigo Duterte, além de avisar que as vacinas chinesas estarão disponíveis para todos os interessados, o líder chinês Xi Jinping não está cobrando nem “taxa de reserva” nem pagamento adiantado, como vêm exigindo outras indústrias farmacêuticas.

O governo da China assegura que ainda neste ano terá disponíveis 600 milhões de doses e outro lote de 1 bilhão ao longo de 2021. O Centro de Controle de Enfermidades da China informa que 18,5 milhões de chineses estarão vacinados até o dia 31 de dezembro.

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Os Estados Unidos reservaram para si 100 milhões de doses da Pfizer, com outros 500 milhões se forem necessários. O Canadá comprou 414 milhões, o equivalente ao necessário para vacinar 5 vezes sua população. A União Europeia assegurou 1,3 bilhão de doses, às quais poderão ser acrescentados mais 600 milhões. O Reino Unido adquiriu 357 milhões, com opção para mais 810 milhões. O Japão ficou com outras 290 milhões de doses. O Chile, exceção na América Latina, já garantiu 83 milhões de doses para uma população de 19 milhões de habitantes.

Ao contrário do que faz a China, que transfere o conhecimento tecnológico de suas vacinas para quaisquer interessados, um dos debates mais acirrados nos Estados Unidos gira em torno de como garantir patentes e direitos adquiridos para seus laboratórios.

O tratamento dado pelo governo de Pequim aos países mais pobres já chamou a atenção de Washington, que tende a vê-lo com desconfiança. Em matéria veiculada no dia 10 de dezembro, a Agência France Press observou que, na China, está em curso o que chama de “diplomacia da vacina”, cujo objetivo é ocupar espaços de influência nos países em desenvolvimento.

Essa parece a principal razão pela qual o governo Bolsonaro, reconhecidamente hostil a tudo o que transparece geopolítica da China, vem impondo tantas restrições à Coronavac, vacina da China que o Instituto Butantã ajudou a desenvolver. Outra razão do jogo contra de Bolsonaro e de seu desastrado ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, é a de que o Butantã é reduto do agora adversário declarado do presidente, o governador de São Paulo, João Doria.

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A China está desenvolvendo três vacinas: duas da farmacêutica Sinopharm e outra da Sinovac. As da Sinopharm estão sendo desenvolvidas na China e em mais nove países. A Coronavac, da Sinovac, é a que está sendo desenvolvida pelo Butantã e também pela Indonésia e Turquia.

Embora cresçam as incertezas sobre a situação fiscal do Brasil, os investidores têm reduzido suas resistências à compra de títulos do Tesouro. O melhor indicador disso é o adicional cobrado acima dos juros do título do Tesouro do Brasil de 5 anos, o Credit Default Swap (CDS5), que vem caindo. Uma explicação para isso não tem a ver com a qualidade do título brasileiro, mas com a alta disponibilidade de recursos no mercado internacional. Se há tanto dinheiro sem aplicação por aí, a procura aumenta.

 

(Transcrito do jornal O Estado de S. Paulo)

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