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A Democracia Restaurada (Por Wellington Moreira Franco)

É ingênuo achar que a polarização foi iniciada por Trump. Ele é mais efeito do que causa do fenômeno

Por Moreira Franco
Atualizado em 18 nov 2020, 19h45 - Publicado em 8 nov 2020, 11h00

A vitória de Joe Biden nos Estados Unidos é antes de tudo um sinal de alívio e esperança para o resto do mundo. A democracia mais vibrante do planeta foi restaurada. O recado das urnas é eloquente: um sonoro “não” ao autoritarismo, ao negacionismo, à mentira como arma política e à intolerância. Os americanos – principalmente aqueles dos grandes centros urbanos e dos subúrbios, mulheres, negros e parte dos latinos – preferiram o diálogo, a moderação, o multilateralismo e a política conciliatória propostos por Joe Biden.

Durante a campanha e nos discursos pós-eleição, sua promessa é fazer um governo para todos os americanos, inclusive os que não votaram nele. E talvez essa seja a principal mudança em relação ao estilo autocrático de Trump, que passou quatro anos governando para a metade do país que votou nele. Alimentou a cisão e a polarização. A América sai dividida das urnas.

É ingênuo achar que a polarização foi iniciada por Trump. Ele é mais efeito do que causa do fenômeno. Mas certamente foi o principal combustível a colocar fogo na disputa fratricida entre o meio urbano e rural, americanos com e sem diploma universitário, os Estados Unidos cosmopolitas versus a América profunda. Os protestos nas ruas contra e a favor do presidente simbolizam o esgarçamento do tecido social americano. Esse provavelmente será mais difícil restaurar. Na sociedade marcada pela competição voraz, o “self made man”, os direitos individuais e a menor presença do Estado, há pouco espaço para perdedores.

Donald Trump não aceitou a derrota. O menos “presidencial” de todos os líderes americanos continua seguindo o roteiro pré-estabelecido durante a campanha. Acusou o sistema eleitoral americano de fraude e corrupção. O caminho da judicialização será um novo teste para as instituições americanas, de resto sólidas e perfeitamente capazes de aguentar o tranco. A confusão e a reverberação nas redes sociais são armas conhecidas dos populistas autocráticos modernos. O que prevalecerá, no entanto, é a mensagem alta e clara de que atores do centro do espectro político são mais capazes de dar res- postas e atingir consensos que atendam às demandas da sociedade.

Os Estados Unidos, modelo de democracia e prosperidade para o mundo, devem lutar para restaurar a posição que conquistaram no século 20 e que foi ameaçada sob Trump. Em quatro anos, o republicano fez de tudo para corroer as instituições democráticas e colocar em xeque o sistema multilateral erguido no pós-guerra e que garantiu o período mais importante de paz e prosperidade da história humana recente. Essa deve ser a primeira frente de atuação de Joe Biden: voltar para o Acordo de Paris e a OMS e se reaproximar dos aliados tradicionais da OTAN. Valorizar a comunidade internacional e a diplomacia. A disputa geopolítica com a China seguirá, mas será travada com mais diplomacia e menos truculência.

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Na política interna, a polarização ainda dará a tônica no Congresso – Senado republicano e Câmara democrata – e na sociedade. O que fazer com os derrotadas da América profunda, que se sentem ameaçados pela imigração, o multiculturalismo e a diversidade social? O empobrecimento e a perda de status quo do americano branco e religioso, tanto do meio rural como do meio industrial solapado pela concorrência chinesa, acentuam a tensão interna. Enquanto minorias étnicas e raciais lutam por mais direitos e menos desigualdade. O caminho não é fácil.

Trump foi derrotado, mas o fenômeno que leva seu nome, o Trumpismo, deu sinais claros de força nas urnas. Igualmente, no resto do mundo, o populismo autocrático não está morto, mas sai enfraquecido. Joe Biden será a ponte para algo melhor. Diante do retrocesso, a civilização escolheu avançar.

Moreira Franco é ex-ministro de Minas e Energia e presidente da Fundação Ulysses Guimarães, do MDB 

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