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Por Coluna
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A contemporaneidade de FHC

Fernando Henrique Cardoso é um dos poucos políticos brasileiros capaz de enxergar além do nevoeiro que turva nossos olhos

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 28 fev 2018, 14h00 - Publicado em 28 fev 2018, 14h00

Odiado pelos extremos regressistas – e nem sempre compreendido por seus companheiros de partido – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos poucos políticos brasileiros capaz de enxergar além do nevoeiro que turva nossos olhos. Intelectual e político atento, é figura obrigatória a ser ouvida por quem quiser entender as intensas transformações que varrem o mundo.

Com esse propósito, na semana passada o movimento suprapartidário Roda Democrática promoveu um encontro com o ex-presidente. Fernando Henrique esbanjou vitalidade com analises precisas. Vejamos algumas.

A revolução tecnológica, com o advento da robótica e da inteligência artificial alterou as relações sociais no trabalho e o próprio modo de acumulação do capital. De um lado, “vem criando uma enorme massa de não empregáveis” e de outro, a acumulação do capital se desloca para as áreas que envolvem criatividade e para as das novas tecnologias, “de onde advém os novos milionários”.

Como dar dignidade às pessoas num quadro onde a “produtividade aumenta de forma cavalar e a tecnologia é concentradora de capital”? Mais: “como manter os não empregáveis e o que fazer com a hora desnecessária do trabalho?”

Segundo ele, esse processo levará ao aumento da desigualdade. No caso do Brasil diz, à desigualdade tradicional acrescenta-se a “desigualdade futura”, produto da Revolução 4.0. Tudo isso em um país que não cuidou da área da educação como deveria e também não acompanhou as mudanças na economia global. Resultado: perdeu protagonismo até mesmo na América do Sul.

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Ao mesmo tempo, a sociedade fragmentou-se. “Em vez da velha divisão de classes de um mundo onde os partidos representavam determinados interesses, temos hoje uma sociedade dividida em questões identitárias”.

A partir daí faz uma pergunta inquietante: “como fazer política entre identidades diferentes” e que muitas vezes se fecham ao redor de si mesmas formando verdadeiros guetos?

Isto será possível por meio do diálogo e de ideias comuns que, transversalmente, permeiem toda a sociedade. Quais seriam elas? Do ponto de vista dos valores, além da “liberdade e igualdade, a dignidade, o respeito aos direitos humanos”.

Para além dos valores, FHC entende que é preciso reencantar a política, com ideias e pessoas concretas. Este seria o grande desafio de um “polo popular democrático e progressista” alternativo aos extremos.

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Este polo, avalia, estará fadado ao fracasso se seu programa estiver voltado apenas para atender ao mercado. “É preciso olhar para o mercado, mas também para o estado e a sociedade. Se não olhar para a base, vai perder a eleição. Não é Lula que é forte no Nordeste. É a pobreza que é forte.” Este olhar se traduziria no tripé emprego-segurança-princípios éticos.

Aos 86 anos, Fernando Henrique chama atenção não apenas pela contemporaneidade de seu pensamento, mas também pelo seu realismo político: “temos de fulanizar as ideias e trabalhar com o que temos”. O recado está dado.

Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo 

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