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Tem a direita respostas para a crise americana? Liz Cheney está tentando

A deputada americana é a figura mais importante do Partido Republicano a apoiar o impeachment de Trump, num sinal de independência

Por Vilma Gryzinski 14 jan 2021, 08h21

Irá Donald Trump levar junto, no naufrágio, outros líderes de natureza populista e enterrar a nova direita que despontou antes, durante e depois dele?

Na França e na Itália, os dois principais políticos da direita simpática ao trumpismo, Marine Le Pen (“Fiquei extremamente chocada”) e Matteo Salvini (“A violência nunca é solução”), pularam fora. 

Fizeram muito bem. Seja por motivos éticos, seja por interesse político, dizer que o errado é errado, mesmo quando é a sua turma que faz besteira, é um sinal de QI político.

Nos Estados Unidos, a deputada Liz Cheney foi o nome mais importante do Partido Republicano a assumir publicamente que a besteira pesou demais. 

O líder do partido, Kevin McCarthy, também responsabilizou Trump pela invasão do Congresso, embora defendendo, em vez do impeachment, um voto de censura, de relevância apenas simbólica.

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Outros nomes acima deles, como o presidente do Senado, Mitch McConnell, e o vice-presidente Mike Pence, estão plantando aceleradamente que não aguentam mais Trump, nem que seja apenas por mais seis dias – o tempo que falta para deixar a presidência.

Mas não assumem publicamente. Liz Cheney foi a única a correr ostensivamente o risco de queimar o filme, considerando-se que 76% dos eleitores republicanos continuam do lado de Trump (no geral, a aprovação dele caiu para 34% depois da baderna da quarta-feira passada, um índice semelhante ao de George Bush filho, depois da desgraça da invasão do Iraque e da grande crise financeira de 2008).

A deputada é filha de Dick Cheney, o vice de Bush que foi tratado – e odiado – como a eminência parda que tramou a intervenção no Iraque. 

Os Cheney, pai e filha, são da ala intervencionista, conhecida na época do governo Bush como neoconservadores. Trump fez campanha contra as “guerras inúteis”, alucinadamente caras e contraproducentes até mesmo para a hiperpotência americana.

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Liz Cheney é tão de direita que desencadeou uma ruptura com a própria irmã, Mary, que é casada e tem filhos com outra mulher, ao se declarar contra o casamento gay.

Mas é importante ressaltar que pertence à ala republicana que nunca simpatizou com Trump. O clã Bush o abomina, tendo levado de volta várias lambadas de Trump.

Repudiar métodos espúrios, mesmo sendo de seus próprios partidários, é uma das características mais raras no mundo político. Quando a esquerda fala em autocrítica, geralmente é autocrítica dos outros.

Sempre é mais confortável procurar uma desculpa. Os líderes democratas, por exemplo, demoraram semanas para admitir, com enorme má vontade, que os métodos violentos dos partidários exaltados do Black Lives Matter que incendiaram cidades americanas eram condenáveis.

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Além de Liz Cheney, mais nove deputados republicanos votaram pelo impeachment. A aprovação estava garantida pela maioria democrata na Câmara. 

Por causa de seu voto, Liz Cheney pode perder seu posto como presidente da Conferência Republicana, o terceiro mais importante do partido.

“Foi um voto de consciência. Existem opiniões diferentes a respeito”, disse a deputada.

“Agora ela está do lado dos democratas que queriam botar seu pai na cadeia”, ironizou um dos milhares comentários negativos que sua atitude provocou no mundo digital. 

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Não faltaram, claro, ameaças a ela.

O ambiente político nos Estados Unidos é de altíssima volatilidade, com centenas de militares da Guarda Nacional dormindo nos salões e corredores do Congresso, como se a coisa pudesse explodir a qualquer momento.

Como presidente eleito, Joe Biden deveria estar demonstrando o tipo de liderança segura e calma que o momento exige, mas simplesmente desapareceu do mapa.

Se aderir ao clima de vingança que predomina entre os democratas, irá começar muito mal o seu mandato.

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Os 74 milhões de americanos não vão desaparecer magicamente nem passar, em massa, à condenação de Trump, com seu status de figura pop folk diminuído, embora longe de eliminado.

Mas quem tem achar respostas mais urgentes é a direita, marcada, nos Estados Unidos, pela aversão ao excesso de governo, de regulamentações e de dívida (bandeira chutada para o espaço sideral na era Trump).

Tão ou mais importante é a defesa da liberdade de expressão, causa tradicionalmente esquerdista que no momento atual de políticas identitárias e de cassação de plataformas – até no sentido literal, no caso do degredo de Trump do Twitter e do Face – se transformou numa pauta da direita.

Sem Trump no panorama internacional, o grande arco nacional-populista que se desenhou fica obviamente mais fraco. 

Seus motivos, no entanto, permanecem os mesmos: migração em massa e violência jihadista na França, na Holanda e na Itália, segurança pública no Brasil, confrontação com o Irã em Israel. 

São questões que continuam a ter exatamente a mesma dimensão de antes da autodestruição de Donald Trump.

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