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Por Vilma Gryzinski
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Preso e decapitado aos 13 anos. Lembram do Afeganistão?

O país piorou mais ainda, como se isso fosse possível. Estado Islâmico disputa a coroa do radicalismo com os talibãs, que agora recebem ajuda da Rússia

Por Vilma Gryzinski 17 abr 2018, 14h19

Já que não dá para resolver, é melhor esquecer. De forma geral, esta é a atitude do resto do mundo em relação ao Afeganistão, tomado pelos Estados Unidos em 2001, numa outra das muitas provas históricas de que o país não tem jeito.

Exceto quando acontecem atos barbárie espantosos como o caso do menino Rahim. Preso há um mês e submetido a “julgamento” pelos preceitos mais radicais da sharia, ele foi decapitado.

Acusação: havia fornecido “ajuda material” a um cunhado, que é policial. Acusadores: militantes do Estado Islâmico na província de Jawzan.

A morte do menino de 13 anos serviu para lembrar também que, como se não bastassem os talibãs, o Afeganistão tem agora sua própria versão do Isis.

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Para eles, os talibãs não eram suficientemente fundamentalistas, em especial a ala que se mostra disposta a negociar com as forças do governo uma saída possível  para o país, em guerra continuada, com poucos intervalos de terror maior ainda, desde 1973.

Não que existam grandes esperanças de que algum acordo vá melhorar a sucessão de desgraças, na maioria criações autóctones, mas também envolvendo sucessivas intervenções estrangeiras.

Destas, as mais consequentes foram duas. A da União Soviética, em 1978, em apoio a um regime marxista-leninista – é difícil imaginar uma pior conjuminação de fatores mais sinistra do que a conhecida cartilha ideológica aplicada em condições afegãs.

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A reação às maluquices e violências do regime, agravadas pela invasão dos russos, levou à ascensão dos fundamentalistas islâmicos, tanto locais, conhecidos como talibãs – ou estudantes do Corão -, quanto estrangeiros.

O mais infame deles, o saudita Osama bin Laden, provocou a segunda grande intervenção. Depois dos atentados de Onze de Setembro, o governo americano intimou os talibãs, no poder depois da exaustão geral provocada pela guerra civil, a entregar o cabeça dos ataques terroristas ou sofrer as consequências.

Com a opção pelas consequências, o formidável poder bélico americano rapidamente expeliu os talibãs dos principais centros, mas a resistência continuou no interior cheio de montanhas e de costumes tribais impermeáveis a mudanças.

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O Afeganistão é um emaranhado tão grande que a seguinte situação existe atualmente: a Rússia de Vladimir Putin está contrabandeando armas para o Talibã.

Quem acha que não poderiam existir aliados mais estranhos não conhece  a Rússia. Nem o Afeganistão.

Faz parte da  estratégia putiniana enfrentar os Estados Unidos em todos os hemisférios, especialmente em lugares infernais da Oriente Médio e da Ásia Central.

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“Existem tipos diferentes de talibãs e existem alguns que estão lutando contra o Isis. Por que não deveríamos ter um diálogo com eles?”, argumentou um analista russo, Alexei Malashenko, para o Guardian.

Para os talibãs, basta negar tudo.”Não recebemos armas de ninguém”, disse um porta-voz. Evidentemente, sem precisar explicar como as Kalashnikovs e companhia se materializam.

A ascensão do Estado Islâmico no Afeganistão, além de ser mais uma prova da intratabilidade dos problemas do país, introduziu mais um elemento do jogo.

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Soma-se, assim, às forças do governo famosamente incapazes de controlar o que quer que seja mesmo depois de anos de treinamento e bilhões de dólares em armamentos dos Estados Unidos, grupos criminosos aliados ao governo, grupos criminosos aliados ao Talibã e os próprios talibãs.

Ao contrário das forças nominalmente a serviço do governo, os talibãs aprenderam muito com os americanos.

O New York Times fez no fim do ano passado uma boa reportagem sobre as “unidades vermelhas”: equipes do talibã munidas de equipamento para visão noturna, os goggles,  que dizimam policiais ou militares.

“Levam goggles de fabricação russa, fuzis automáticos americanos M-4 com mira a laser e grandes miras telescópicas feitas no Irã ou no Paquistão”, descreveu a reportagem.

Os franco-atiradores agem à noite têm alta capacidade de precisão. Os militantes do Estado Islâmico ainda não chegaram a este nível de sofisticação. Ainda estão no estágio de ameaçar qualquer um que seja parente de policiais ou militares – como acontece no Brasil, com especial e triste destaque no Rio de Janeiro.

A decapitação de um menino de 13 anos por causa do marido da irmã foi uma dessas execuções com o objetivo de aterrorizar a população. Viver em estado de terror é a realidade do Afeganistão há muito tempo.

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