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Poderiam todas as pesquisas nos EUA estar erradas de novo?

Por causa da monumental surpresa de 2016, só os menos precavidos garantem que não existe dúvida sobre o resultado de terça-feira

Por Vilma Gryzinski 30 out 2020, 07h51

Os mais arrebatados antitrumpistas têm um sonho: Joe Biden ganha a eleição de ponta a ponta, limpa a mesa com 400 votos no Colégio Eleitoral, os democratas levam Câmara e Senado e os quatro anos de Donald Trump se transformam numa aberração histórica que farão de tudo para esquecer rapidamente.

Têm também um pesadelo recorrente: multidões de “eleitores silenciosos” sairão de seu mutismo na próxima terça e votarão em Donald Trump, vingando-se do clima “Biden já ganhou” das pesquisas e empurrando o país para outra surpresa acachapante, como a derrota de Hillary Clinton em 2016.

“Uma pesquisa não é uma bola de cristal. Ela não diz quem vai ganhar. Ninguém pode prever o futuro”, previne-se Dhrumil Mehta, do FiveThirtyEight, o badalado agregador de pesquisas.

Na mesma entrevista à NPR, Patrick Murray, diretor de pesquisas da Monmouth University, disse que a grande falha de 2016 foi não prever a volatilidade do eleitorado que chegou à última semana antes da eleição com 20% de indecisos.

Segundo ele, os institutos foram surpreendidos pelo fato de que homens brancos com ou sem ensino superior costumavam votar da mesma maneira, em qualquer dos dois partidos.

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Em 2016, houve um descolamento e os sem faculdade, que agora designam até toda uma categoria, os WNC, voltaram-se em massa para Trump.

A divisão continua. Hoje, Trump leva uma média de 60% dos votos dos WNC. 

Entre as mulheres da mesma categoria, os números são ligeiramente menores, embora ainda majoritários. A maior diferença é entre mulheres com ensino superior, uma fatia em que Trump fica consistentemente abaixo dos 40%, ou até menos, em todas as pesquisas.

Culpar os eleitores – indecisos, ambíguos, retraídos, silenciosos ou envergonhados – foi e continua sendo a desculpa dos especialistas pelo fiasco de 2016.

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Os trumpistas mais entusiasmados dizem que o problema está na base dos dados: muitas pesquisas incluem entre os consultados uma quantidade desproporcional de pessoas que tendem a votar pelo Partido Democrata.

Para tentar cercar o voto secreto, ou que não ousa dizer seu nome, alguns pesquisadores começaram a fazer consultas sobre o círculo social dos entrevistados, abrindo assim uma porta para a declaração de suas verdadeiras intenções.

É claro que os institutos de pesquisas querem acertar e não repetir um vexame histórico. Aprenderam com os erros de 2016 e aperfeiçoaram seus métodos. Teriam enormes prejuízos, morais e materiais, se escorregassem de novo.

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“Quando todos nós dizemos que não existe maneira possível que alguém possa ganhar nessas circunstâncias, estamos certos”, avaliou para a Vanity Fair o estrategista democrata  Chris Kofinis.

“Exceto por um problema: Trump tem as avaliações negativas mais altas do que qualquer candidato que já vi na história – e ele descobriu um jeito de ganhar em 2016”.

Todos os principais analistas concordam que o grande eleitor de Joe Biden é um agente invisível, o novo coronavírus, responsável por mais de 230 mil mortes, num quadro que continua negativo apesar dos avanços em termos de tratamentos da doença.

A Covid-19 foi transformada numa guerra santa por todos os grandes meios de comunicação. Com exceção da Fox, que peca pelo lado contrário, a agressividade contra Trump é uma coisa nunca vista nos Estados Unidos. Já deixou de ter relação com o jornalismo, mesmo com o arrebatado, às vezes alucinado, jornalismo de opinião.

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“Se a questão principal fosse a economia, a conversa seria outra”, avalia Kofinis. 

Mesmo eleitores que declaram voto em Joe Biden concordam que Trump seria o mais indicado para recuperar os golpes infligidos pela pandemia ao nível de empregos e à economia em geral. Aliás, o crescimento anualizado do PIB, depois da debacle, passou de 33%, além das expectativas.

Com exceção do Rasmussen, que leva a má fama de prognósticos errados (deu vitória para Mitt Romney contra Barack Obama em 2012), todos os institutos cravam vitória a Joe Biden por margens que vão de cinco a doze pontos.

Como 80 milhões de americanos já votaram pelo correio ou presencialmente, a eleição está decidida, embora ainda não saibamos o resultado.

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A campanha de Biden está focada em tocar o jogo tal como se apresenta agora, como nos minutos finais de uma partida de futebol em que o time com resultado positivo só tenta não estragar o placar e deixar o adversário pegar a bola.

Contra o conselho de muitos especialistas, Trump está focado no que mais gosta de fazer, falar a partidários entusiasmados em comícios nos aeroportos onde são montados palanques tendo o Air Force One como parte do cenário.

Faz comentários fora do script e até piadas. Inclusive consigo mesmo.

“Se eu perder, terei perdido para o pior candidato da história da política presidencial”, disse num dos comícios.

“Eu preferiria perder para alguém extraordinariamente talentoso. Pelo menos assim, poderia ir embora e tocar minha vida”.

De terça para quarta-feira, ficaremos sabendo se ele irá embora. Ou tirará da cartola outra vitória completamente fora dos padrões, das previsões, da lógica e, principalmente, das pesquisas.

Para manter o suspense até o fim, as probabilidades de vitória de Biden estão em três para um – mas nas casas de apostas, nos últimos dias, cresceu o número dos que estão cravando na maior guinada de todos os tempos.

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