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Por Vilma Gryzinski
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O rei está nu e cometendo sincericídio ou são intrigas da corte?

Trump está falando mais ainda o que lhe passa pela cabeça, deixando os inimigos desatinados. Por isso, ajuda ter um curto resumo dos acontecimentos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 19 mar 2018, 10h23 - Publicado em 19 mar 2018, 10h23

De todas as fontes de informação do planeta jorram notícias e comentários sobre as últimas maluquices de Donald Trump. Seguem-se algum exemplos.

Vai pedir a cabeça de Robert Mueller, o promotor especial que o investiga (embora finja que é outra coisa), o que levará inexoravelmente ao impeachment.

Vai pedir a pena de morte para traficantes da droga que devora vidas americanas, os opiáceos sintéticos, o que elevará inexoravelmente os Estados Unidos ao patamar atual das Filipinas de Rodrigo Duterte.

Vai demitir mais um monte de gente do primeiro escalão até pelo Twitter, o que criará inexoravelmente novos mártires (Gary Cohn, da Goldman Sachs, e Rex Tillerson, da Exxon, tratados como tubarões predadores quando entraram no governo, viraram prodígios na saída).

Sem contar a guerra comercial que destruirá a economia americana e a questão da Coreia do Norte, que acabará em rendição incondicional (de Trump) ou guerra nuclear.

Para tentar distinguir o que é torcida do que são fatos, tão fugidios no atual panorama, vamos tentar um rápido resumo dos recentes acontecimentos:

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1- Trump não demitiu Andrew McCabe, para se vingar. O que não significa que tenha deixado de influenciar e comemorar a demissão do vice-diretor do FBI a dois dias da saída voluntária que daria a ele acesso ao fundo de aposentadoria.

Demitido por mentir durante inquérito a respeito de informações vazadas em off para um repórter, conforme ficou apurado numa investigação interna do FBI, McCabe nem deveria estar na posição que ocupava devido a graves conflitos éticos.

A mulher dele, a pediatra Jill McCabe, foi candidata ao Senado estadual de Virginia pelo Partido Democrata, em 2015 .Recebeu quase 500 mil dólares de um dos grupos que levantam o dinheiro grosso para  campanhas eleitorais, chamados PACs.

A verba de campanha era coordenada pelo governador de Virginia, Terry McAuliffe, íntimo do casal Clinton e coordenador da primeira campanha presidencial de Hillary.

A ligação deveria ter sido suficiente para impedir que Andrew McCabe se tornasse o chefe das investigações sobre possíveis delitos ou desvios cometidos por Hillary  quando era secretária de Estado, ao usar um servidor particular para troca de emails, o que infringe regulamentos de segurança e transparência.

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2 – Quem quer se vingar é McCabe, agora em dobradinha com o antigo chefe, James Comey. Os dois pretendem derrubar Trump e insinuam quais são suas armas: anotações feitas depois de encontros com o presidente, indicando que ele usou termos que podem ser considerados obstrução de justiça.

Foi um desses memorandos (“fake memos”, na definição típica de Trump) que James Comey vazou para um professor de Direito, “amigo”, encarregado de repassá-lo à imprensa.

Por causa do memorando de Comey, Robert Mueller, outro ex-diretor do FBI, ganhou a tarefa de investigar uma possível associação ilícita de membros da campanha de Trump com o serviço de inteligência da Rússia.

3 – Ao ser demitido cuspindo fogo, McCabe disse que passou informações a um repórter sobre a investigação que envolvia Hillary Clinton “porque era uma das poucas pessoas que tinha autorização para fazer isso”.

“Não era segredo e outros, inclusive o diretor, sabiam da interação com o repórter.”

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Problema: James Comey já disse sob juramento numa audiência do Congresso que nunca passou nem teve conhecimento de que tivessem sido passados vazamentos para a imprensa sobre as investigações envolvendo Trump ou Hillary.

A tal “interação” pode complicar a vida dele.

4 – Andrew McCabe ocupava um dos centros do poder no FBI onde a imparcialidade exigida dos agentes públicos parecia ficção.

Há indícios de que, por motivos justificados, ainda não revelados, ou apenas preferência política, ele usou o tribunal secreto que autoriza escuta de cidadãos americanos por suspeita de espionagem ou terrorismo para gravar gente no entorno de Trump.

Eram associados a ele Peter Strzok e Lisa Page, ambos altos funcionários do FBI. Como também eram amantes, trocavam a quantidade espantosa de textos típica dos apaixonados.

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Nesses textos, eles falam muito que Trump não poderia ganhar e, se ganhasse, já tinham um “seguro de vida” – uma insinuação de que poderiam comprometê-lo. Tudo isso foi discutido com “Andy”.

5 – A rede de intrigas fica cada vez maior. Através dos mesmo textos, soube-se agora que Strzok era amigo do juiz Rudy Contreras, integrante do tribunal secreto que autoriza escutas.

Contreras é o juiz que recebeu o caso do general Michael Flynn, obrigado a renunciar apenas vinte dias depois de assumir o posto de conselheiro de Segurança Nacional de Trump, por não revelar seu contato, legítimo, com o embaixador russo à época.

Peter Strzok e Lisa Page combinaram até um jantar para ser usado como fachada, no qual ele conversaria com Contreras sobre o assunto que interessava.

Essas ligações explicam por que o juiz se declarou impedido de continuar no caso, mas só depois que Flynn compareceu a uma audiência com ele e admitiu ter mentido em depoimento.

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James Comey,  Andrew McCabe, Peter Strzok e Lisa Page podem ter sido guiados pelos mais puros ideais profissionais. Mas não é isso que transparece em suas ações, pelo menos até agora.

Também não é tranquilizador o fato de que tenham sido afastados na surdina por Mueller, antes que viessem à tona os indícios de que politizaram as investigações para favorecer Hillary e prejudicar Trump.

6- Trump está realmente mais livre para dizer o que acha, como se já não fosse um especialista em opiniões bombásticas. O aquecimento da economia e a situação de quase pleno emprego embalam sua autoestima e aumentam o já habitual comportamento de alto risco.

Falando ao New York Times, que se dedica em tempo integral à queda de Trump, o deputado republicano Peter King analisou: “Ele está realmente mais à vontade, acreditem se puderem.”

“Eu diria que é uma combinação de estar mais à vontade e também de se sentir frustrado pelo fato de que achar que muito do que não conseguiu fazer até agora foi por não deixarem que fosse Trump.”

Acuado por uma investigação cujos resultados ainda são desconhecidos, odiado por uma parte da população, ridicularizado pela imensa maioria da imprensa (a capa da revista New Yorker é apenas um exemplo de como não há limites quando o assunto é Trump), ameaçado com a perda da maioria republicana na Câmara em novembro próximo e com uma ex-amante e atriz pornô ameaçando contar tudo, Trump resolver ser mais Trump do que nunca.

“Por que a equipe de Mueller tem 13 democratas linha dura, alguns grandes partidários da Hillary Bandida, e zero republicanos?”, tuitou. “Alguém acha isso justo?”

O sincericídio pode acabar em impeachment ou em alguma outra coisa que só Trump consegue avistar no horizonte entrópico. Fica cada vez mais emocionante acompanhar as jogadas.

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