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Por Vilma Gryzinski
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O outro grande duelo: George Soros contra o xerife durão

O influente bilionário de esquerda põe dinheiro na campanha contra Joe Arpaio, uma de suas muitas intervenções eleitorais

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h20 - Publicado em 5 nov 2016, 18h14

Faroeste moderno: tirar xerife de cena faz parte da nova estratégia de Soros (Getty Images)

Se a disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump não fosse tão emocionante talvez tivesse mais gente prestando atenção nas outras eleições que acontecem nos Estados Unidos.

É verdade isso? Claro que não. Todo mundo que se interessa por política acompanha com lupa o quadro eleitoral completo. E não existe lupa maior, além de frequentemente deformada pela aura dos envolvidos, do que a colocada sobre um distrito lá no interior do Arizona.

Nesse duelo, um xerife falastrão, Joe Arpaio, enfrenta uma formidável campanha de oposição para qual George Soros, o bilionário no centro de todas as maiores teorias da conspiração que circulam no mundo, contribuiu com 2 milhões de dólares.

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Como nos filmes de faroeste, os xerifes são eleitos em Maricopa, o distrito que tem nome de um povo indígena da região. Acabam aí as semelhanças com os clássicos do bangue-bangue. O xerife durão virou uma celebridade do mundo do entretenimento.

Jornalistas estrangeiros ingênuos ainda vão entrevistá-lo quando querem ouvir opiniões da mais extrema linha dura sobre crime e imigração. Quando não está falando para a Fox News, Joe Arpaio atende com a maior boa vontade e dispara todos os clichês desejados. É o seu trabalho: ganhar dinheiro com o personagem que criou.

O maior lance de Arpaio, que vem de família de origem italiana, foi colocar os presos sob sua guarda usando cuecas cor-de-rosa. Daí para a fama foi um pulo. As encrencas vieram em seguida, com acusações de desvio de verbas e processos pedindo indenizações pesadas, pagas com o dinheiro dos contribuintes.

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Arpaio, que vem sendo eleito e reeleito desde 1993, evidentemente apóia Trump, daí a projeção maior que conseguiu esse ano. Com a fama, ou infâmia, vieram os inimigos. O site Politico disse que até a viúva de Steve Jobs contribuiu para a campanha contra o xerife.

Mas a grande figura desse faroeste moderno é Soros, o magnata de esquerda que contribui tanto, para tantas organizações, que torna quase impossível falar dele com alguma isenção. Soros, nascido Gyorgy Schwartz numa família de judeus húngaros, ocupa um papel similar ao dos Rothschild como centro das teorias da conspiração sobre o domínio mundial de milionários judeus.

Uma das maiores ironias é que Soros, ao contrário dos Rothschild, que tanto fizeram pela criação de Israel, não apenas critica o estado judeu como financia algumas das organizações mais agressivas de boicote a ele.

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O centro do universo Soros está no conglomerado chamado Open Society Foundations, nome inspirado num livro de Karl Popper, o filósofo de origem austríaca com quem o jovem refugiado húngaro ainda muito longe da fortuna de 27 bilhões de dólares de hoje estudou na London School of Economics.

Um bilionário que cultiva Popper é só uma das características incomuns de Soros. Outra é a defesa da liberação da maconha, causa para a qual contribui com argumentos intelectuais e dinheiro.

O diretor para a América Latina da Open Society é Pedro Abramovay, o constitucionalista que teve uma passagem pela Secretaria Nacional de Justiça no governo anterior ao atual drasticamente abreviada por posicionamento sobre penas alternativas a traficantes.

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Verbas da Open Society irrigaram no Brasil diversos órgãos que se denominam mídia alternativa, com resultados que vão do excelente ao assustador.

Soros entrou para a adolescência na Hungria da II Guerra Mundial, onde um governo aliado da Alemanha nazista foi substituído por outro mais fiel ainda. Ele escondia a origem judaica e acompanhava um padrinho encarregado de fazer inventários dos bens de famílias judias ricas que fugiam do país. Este episódio deu origem a terríveis acusações de colaboracionismo.

Antes de se dedicar a mudar o mundo de acordo com suas ideias, Soros fez fortuna com fundos de investimentos e chegou ao topo de uma cadeia alimentar que exige inteligência brutal e métodos arrasadores. Por causa disso, ficou conhecido como “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”, quando apostou contra a libra, na crise da moeda de 1992. Ganhou 1 bilhão de dólares para seus clientes.

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Hoje, aos 86 anos, não se dedica mais à especulação, embora continue a apostar que a libra vai cair catastroficamente por causa do Brexit, resultado que combateu com todas as suas armas. Foi mais uma causa que o colocou no topo da lista das teorias conspiratórias sobre o Globalismo, com maiúscula, uma trama sinistra para derrubar fronteiras, os estados-nação e o cristianismo.

O curioso é que Soros realmente defende causas dessa natureza, sem a parte sinistra. Ou com algum componente dela. Uma das organizações que ele financiou foi o Center for American Progress, liderado por John Podesta, o homem forte da campanha de Hillary Clinton.

O bilionário de esquerda já conseguiu até o prodígio de vencer uma brasileira irada. Depois de um relacionamento de cinco anos, que acabou de maneira algo beligerante, com acusações mútuas de agressão, Adriana Ferreyr perdeu um processo em que pedia 50 milhões de dólares. Em 2013, ele se casou com uma americana de origem japonesa por parte de mãe de idade relativamente avançada para o padrão bilionário solto no mercado: 42 anos.

O duelo contra o xerife Joe Arpaio é a parte mais visível de uma nova estratégia de Soros: investir nas campanhas de promotores distritais mais simpáticos às suas ideias sobre reformas judiciais. Nos Estados Unidos e no mundo. Soros pode ser acusado, e é, de qualquer coisa, até dos maiores absurdos, menos de falta de ambição.

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