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O estranho caso da Austrália: Covid quase zero e economia recessiva

O país deveria estar se recuperando depois de controlar brilhantemente a pandemia, mas parece preso no projeto de acabar totalmente com o vírus

Por Vilma Gryzinski 27 jul 2021, 08h40

Conviver com ele ou tentar viver sem ele? Se pudéssemos escolher, todos cravaríamos na eliminação total do vírus que envenenou o mundo.

A Austrália é um dos países que chegou mais perto disso. Com uma população de 26 milhões de habitantes, teve apenas 33 mil casos da doença e o número de mortos não chegou a mil – 918, segundo o dado mais recente.

O sucesso no combate à pandemia foi construído com medidas duríssimas. O país-continente se trancou em si mesmo, proibiu a entrada de estrangeiros, cidadãos e residentes, depois de um período banidos, só poderiam retornar ao país fazendo quarentena de 14 dias em hotéis específicos, viessem de onde fosse.

O lockdown foi longo e repetido. Apesar do sucesso no combate ao vírus, não conseguiu domar completamente as infecções. Hoje, os dois maiores estados do país estão de volta ao confinamento e, apesar de protestos isolados, continua a valer a máxima “primeiro cuidamos das vidas, depois da economia”.

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A primeira parte deu certo, a segunda está difícil. O confinamento na regiões de Sydney e Melbourne levou o país de volta para a recessão que atingiu todo mundo no começo da pandemia. 

A economia deve encolher entre 1% e 3% este ano. Isso num país que até pouco tempo atrás podia comemorar um fenômeno entre as economias avançadas: três décadas seguidas sem recessão.

O encolhimento da economia australiana acontece num momento em que outros países bem sucedidos no combate ao vírus estão com recuperação bombando. A Coreia do Sul está com previsão de 4% de crescimento do PIB e Israel com 5,1%.

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A Suécia, o país desenvolvido que menos controles sanitários impôs, depois de encolher apenas 2,8% em 2020, tem crescimento previsto de 3% este ano.

“O grande problema do Covid zero é que não tem uma estratégia de saída. O vírus não é eliminado, apenas continua a circular com baixa intensidade”, escreveu no Spectator o comentarista Matthew Lynn.

Apesar do número baixo de contaminações, o “Covid Zero cobra um alto preço econômico, que pode durar anos”.

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Mesmo nos países onde a vacinação é um sucesso comprovado pela queda notável no número de mortos, a discussão entre abertura e fechamento está longe de encerrada, principalmente porque a variante delta ronda o planeta.

Na Inglaterra, o primeiro-ministro Boris Johnson foi espancado por cientistas e outros especialistas adeptos do isolamento por, excepcionalmente, não recuar do “Dia da Liberdade”, o dia em que todas as medidas de distanciamento e proteção, inclusive o uso de máscaras,  foram oficialmente abolidas, apesar de recomendações de cautela e prudência.

O “Doutor Apocalipse”,  Neil Ferguson, mesmo com a reputação de criar modelos matemáticos excessivamente alarmistas, deu entrevistas dizendo que o número de infecções chegaria a 100 mil por dia com o fim das medidas de contenção. 

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Quase que imediatamente, o número de contágios começou a cair. É possível que volte a subir – o coronavírus tem nos ensinado que opera em ondas.

Outro nome famoso pelas previsões pessimistas, o infectologista americano Anthony Fauci, disse que os Estados Unidos “estão indo na direção errada” por causa da parcela dos americanos que não quer tomar a vacina. 

Os Estados Unidos ainda registram uma média móvel de 250 mortes por dia, na maioria de pessoas não-vacinadas.

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A retomada plena de atividades, com exceção de alguns estados,  está propiciando um crescimento econômico que pode chegar a 6% este ano. Na China, o PIB cresceu 7,9% no segundo trimestre, depois de bater em espantosos 18,3% nos primeiros três meses do ano.

“Nenhum país acertou 100% na resposta à pandemia”, defendeu-se o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, criticado depois que mais da metade do país voltou ao confinamento e pelo baixo índice de vacinação.

Detalhe; Morrison é do Partido Liberal, de centro-direita, e tem sido excepcionalmente valente nas críticas ao modo como a China agiu durante a pandemia surgida em seu território. Tem 51% de aprovação, um índice ainda bastante bom, considerando-se o desgaste que a política de de confinamento estrito e a lentidão na vacinação tem provocado.

Existe uma fórmula perfeita entre restrições que salvam vidas e relaxamentos que recuperam a saúde econômica? Talvez perfeita seja uma palavra exagerada. A resposta está num equilíbrio, ainda que imperfeito, entre confinamentos quando a situação é brava, vacinação em massa o mais cedo possível e abertura para não bloquear as veias da economia, que implica numa certa tolerância ao risco.

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