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Por Vilma Gryzinski
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O corajoso caminho do meio

O verdadeiro centro político exige idealismo inteligente

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 28 fev 2020, 06h00 - Publicado em 28 fev 2020, 06h00

Você é a favor do aborto? E da posse de armas? Se a resposta for “em determinadas circunstâncias”, no primeiro caso, ou “dentro de parâmetros responsáveis”, no segundo, você é de centro. E, meu amigo, você está ferrado. Seja nos almoços familiares, seja entre os nomes mais cintilantes da política, ninguém quer saber de você. “Em cima do muro” é o mínimo que vai ouvir, para não mencionar o “isentão”, que é engraçado, mas pode ser usado como uma arma de silenciamento em massa.

O centro político — atenção, não confundir com Centrão, ou “A Bolha”, invenção brasileira geneticamente modificada para se especializar em tenebrosas transações — é o espaço onde a maioria da humanidade, dada a opção, transita. A economia de mercado já mais do que comprovou que é a melhor para promover a maior quantidade de rique­zas para a maior quantidade de pessoas. Aquelas grandes frestas por onde caem os mais vulneráveis ou os menos preparados devem ser compensadas ativamente; humanidade é uma virtude, não um palavrão, e ter opiniões conflitantes sobre assuntos complexos, como transexualidade ou imigração em massa, não significa que alguma das partes deva ser confinada a golpes de humilhação digital ao sétimo dos círculos das redes sociais. “Idealismo sem ilusões” foi uma das expressões genialmente criadas pelos “melhores e mais inteligentes” que John Kennedy reuniu para tocar seu programa de governo, moldar, pioneiramente, a narrativa da própria história e definir sua linha política.

“ ‘Isentão’ é engraçado, mas pode ser usado como uma arma de silenciamento em massa”

É até doloroso imaginar que o “caminho do meio”, cheio de ideias reformistas para melhorar as condições sociais dos mais pobres e dos menos brandos, sem contar a firmeza de quem olhou a poderosa União Soviética e não piscou, até quase a beirinha do conflito nuclear, hoje está sendo defendido por um bilionário de maus bofes como Michael Bloomberg e um político com estilo mata-borrão como Joe Biden — tudo o que chega perto dele vira mancha informe.

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A persistência de Biden e a ascensão de Bloomberg mostram que os eleitores democratas querem varrer Donald Trump do mapa com um candidato bom de voto e de capacidade de agregação. Não com as insanidades de um candidato como Bernie Sanders, que faz sucesso com estudantes (e professores) universitários e celebridades de Hollywood mas dificilmente vai convencer o eleitor que votou em Trump da última vez e está considerando uma alternativa.

Os percalços do caminho centrista, que parecia tão promissor na época da Terceira Via representada por Tony Blair (é melhor nem mencionar esse nome hoje) e Bill Clinton (é melhor nem mencionar o nome Monica Lewinsky perto dele hoje), atormentam atualmente dois dos mais importantes líderes europeus. Emmanuel Macron, tão espetacularmente promissor, patina na versão francesa da Bolha, que não permite desengessar o país, e nem com maioria no Congresso consegue fazer a reforma da Previdência. Seu inovador partido criado do nada anda perdendo integrantes. Angela Merkel vai deixar a Alemanha, sem contar o próprio partido, sem leme. Antes mesmo de assumir, sua sucessora renunciou por não conseguir controlar a virada para a direita da Democracia Cristã. Procurar o “caminho do meio” na política não é para fracos. Ao contrário, é para destemidos.

Publicado em VEJA de 4 de março de 2020, edição nº 2676

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