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Fronteiras abertas nos EUA? Não, mas a imigração em massa cresce

Esperando mais facilidades com o governo Biden, centro-americanos e outros criam um fluxo humano que desafia respostas sobre como resolvê-lo

Por Vilma Gryzinski 18 mar 2021, 05h44

O que fazer com tanta gente?

Entre o fim de outubro, quando a derrota de Donald Trump já estava desenhada, e o fim de fevereiro, 30 mil menores desacompanhados entraram nos Estados Unidos vindos de países da América Central.

Entre menores e maiores, o número total de imigrantes clandestinos detidos foi de 100 mil só em fevereiro – um bom aumento em relação aos 78 mil de janeiro. E março, a média diária de detenções tem sido de quatro mil.

A esperança – e a boataria – de fronteiras abertas estão levando até haitianos a deixar o Brasil, numa jornada épica, em busca de oportunidades na terra do leite e do mel, onde nem a pandemia segura uma economia que se recupera em meio aos tropeços, a previsão de desemprego em 2022 é de 5,4% e cada americano está com um cheque do governo de 1.200 dólares no bolso.

Com a fronteira sul se estendendo, simbolicamente, por vários países pobres, quando não socialmente falidos, onde atraso econômico, práticas políticas repugnantes e traficantes dispostos a atrocidades inomináveis se combinam para formar o sopão de bruxa que expulsa populações inteiras, os Estados Unidos têm um problema migratório permanente.

Donald Trump explorou bem a ansiedade de parte da população com a corrente humana que constantemente entra no país, oferecendo mão de obra mais barata, mas também consumindo recursos bancados pelos contribuintes americanos ou disputados com as camadas mais pobres.

Construir o muro – na verdade, cercas erguidas em trechos de uma fronteira impossível de ser blindada, com seus 3.145 quilômetros e dezenas de milhares de especialistas em furá-la com suas cargas humanas – teve efeito próximo de nulo. A pandemia fez a onda recuar temporariamente, mas seu efeito já passou.

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Com uma política mais liberal ainda do que a do governo Obama, Joe Biden enfrenta a mesma pauleira. À esquerda, dentro de seu próprio partido, sofre críticas por não providenciar prontamente todo o atendimento material, pedagógico e jurídico que os progressistas exigem para os menores desacompanhados – geralmente adolescentes na faixa dos 15 aos 17 anos, em busca de trabalho.

Eles precisam ser colocados sob a guarda de parentes já residentes nos Estados Unidos que se disponham a recebê-los ou em lares adotivos. Como fazer isso com a presteza demandada quando se está lidando com 30 mil recém-chegados por mês?

À direita, Biden tem o Partido Republicano, consciente de que a crise fronteiriça é uma fonte permanente de argumentos para ganhar eleições e que as coisas não estão ficando nada melhores com o aumento no fluxo já atingindo contornos de crise.

“A viagem é realmente perigosa e as pessoas não deveriam chegar aos Estados Unidos de maneira irregular, a fronteira está fechada”, apelou Roberta Jackson, coordenadora de Assuntos para a Fronteira Sul, que foi embaixadora no México durante o governo Obama.

Sem muitos recursos além dos conhecidos, ou talvez tendo negligenciado um problema antigo e resistente, o governo Biden está tentando um truque que já não deu certo no passado. Quer do Congresso uma verba de quatro bilhões de dólares para fixar potenciais clandestinos no triângulo da miséria, Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua.

“O dinheiro não irá para os líderes desses governos, mas para as comunidades onde será empregado em treinamento, mitigação de mudanças climáticas, prevenção da violência. Em outras palavras, irá para as pessoas que, de outra maneira, migrariam por falta de perspectivas”, garantiu ela.

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É possível prever, com razoável grau de certeza, que será mais uma da longa lista de tentativas fracassadas de deter a migração em massa.

Como convencer um hondurenho desempregado, num país com 2.400 dólares de renda per capita, a desistir de procurar trabalho – ou um bom programa social, ou ambos – e segurança nos Estados Unidos, onde a renda é de 66 mil dólares? 

Não é dando migalhas do nível quatro bilhões de dólares que  isso vai ser alcançado.

Os americanos convivem há muito tempo com as migrações em massa e o atual governo só precisa cuidar para que a situação não escape demais ao controle.

ONGs geralmente ligadas à Igreja promovem parte dos grandes deslocamentos e agora estão apelando aos sentimentos católicos do presidente. “Biden, por favor nos deixe entrar”, pedem as camisetas distribuídas entre migrantes. É um pedido que não tem fim.

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