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Fábulas do Oriente Médio: Obama “aliviou” para o Hezbollah?

Reportagem do site 'Politico' indica que investigações sobre tráfico e lavagem de dinheiro foram desativadas para favorecer a abertura com o Irã

Por Vilma Gryzinski 18 dez 2017, 18h45

É difícil escapar da pergunta “Imaginem se fosse Trump?”. Agentes identificados e não identificados falaram longamente ao site Politico sobre a Operação Cassandra, uma vasta e interrompida investigação feita pela Agência de Repressão às Drogas.

Iniciada em 2008, a operação rastreou as atividades criminosas do Hezbollah, a milícia xiita que se transformou na mais importante força militar e política do Líbano, sob o patrocínio ideológico do Irã.

Segundo a reportagem, a DEA reuniu elementos mostrando como o Hezbollah se transformou num sindicato internacional do crime, movimentando um bilhão de dólares por ano com o tráfico de cocaína e de armas e lavagem de dinheiro.

O grosso desta última atividade era feito através de operações de fachada, especialmente a compra de carros usados nos Estados Unidos despachados para países africanos.

A cocaína também saía da América Latina em direção à África antes de chegar à Europa e ao Oriente Médio. Na rota para os Estados Unidos, a droga passava pela Venezuela e o México.

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Segundo as fontes do Politico, as “conspirações ilícitas” do Hezbollah rastreadas na Operação Cassandra chegaram “até o topo”, envolvendo Nicolás Maduro, Vladimir Putin e Bashar Assad.

Nada disso é exatamente uma novidade para quem acompanha os movimentos do tráfico de drogas, a transformação da Venezuela num narcoestado e o financiamento heterodoxo de grupos extremistas, inclusive em território brasileiro.

O elemento surpreendente é a intervenção de outros órgãos do governo americano, segundo a reportagem, para neutralizar a Operação Cassandra até chegar ao ponto de sua desativação.

O motivo, acreditam as fontes do Politico, era não atrapalhar o acordo nuclear negociado pelo governo Obama com o Irã. John Brennan, o diretor da CIA na época, era um dos entusiastas da abertura para o Irã e do incentivo a “elementos moderados” do Hezbollah.

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Se o raciocínio fosse levado ao extremo, Barack Obama teria agido como Cristina Kirchner, acusada de traição à pátria por negociar um acordo comercial que protegia os iranianos envolvidos no atentado contra uma associação judaica em Buenos Aires.

É claro que isso não vai acontecer. Pelo menos não com Obama. Mesmo que, para obter o acordo, o ex-presidente tenha aprovado atos espantosos, como mandar 1,7 bilhão de dólares ao Irã – em dinheiro vivo, despachado em aviões militares americanos – a título de juros pelos bens iranianos embargados desde a tomada de reféns na embaixada americana, em 1981.

Mas fica a história como um dos muitos capítulos labirínticos de tudo o que se refere ao Oriente Médio expandido (para não falar na teoria conspiracionista que dá Brennan como muçulmano convertido, por ser casado com uma saudita, e chefe do antitrumpismo no aparelho de inteligência).

Outras histórias quase inacreditáveis estão em circulação no momento. Várias envolvem Mohammed Bin Salman, o príncipe herdeiro que está botando para quebrar na Arábia Saudita.

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Ao príncipe foi atribuída pelo New York Times a compra da “casa mais cara do mundo”, um castelo de 300 milhões de dólares na França.

Um castelo falso: o original foi derrubado e substituído por outro, no mesmo elaborado estilo francês, mas com acréscimos novo-riquíssimos como um fosso de águas cristalinas onde nadam carpas e esturjões. Uma sala com vidros reforçados permite acompanhar o balé dos peixes.

E talvez pensar nos trepidantes acontecimentos na Arábia Saudita e arredores. Um exemplo: dos quase 100 bilionários presos em novembro numa campanha anticorrupção, só saiu um, depois de um acordo de ressarcimento aos cofres nacionais.

O assunto praticamente desapareceu do noticiário, embora o Ritz Carlton de Riad continue servindo como prisão de luxo.

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O príncipe, em compensação, não sai dele, por motivos certos ou errados. Em sua campanha de relações públicas, ele recebe jornalistas americanos selecionados por seu conhecimento de assuntos relacionados ao Oriente Médio.

O deslumbramento de Thomas Friedman com o príncipe, numa coluna amplamente ridicularizada do New York Times, pegou mal e o mais recente convidado, Robert Satlof, da Foreign Policy, resolveu ser mais durão.

Fingiu estar espantado com o fato de MBS, como dizem os íntimos, ter dito uma única palavra de desapontamento sobre a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

“Ao contrário do que ouvi de líderes sauditas em visitas no passado, ele não disse nada sobre o expansionismo israelense, a arrogância israelense, a iniquidade israelense ou o avanço israelense sobre os direitos dos muçulmanos em Jerusalém”, reportou Satlof.

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De resto, foi um festival de elogios arrebatados ao príncipe, “um político nato” e até “clintoniano”.

E uma conclusão: “Aqueles que profetizaram que a resposta árabe e muçulmana ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel seria apocalíptica – ondas de manifestações antiamericanas, violência em massa contra cidadãos dos Estados Unidos e o fim irrevogável da influência americana na região – parecem ter errado completamente”.

Mas como nunca perder a oportunidade de perder uma oportunidade parece ser um mandamento inescapável, a Turquia quer aprovar na Assembleia Geral da ONU uma resolução condenando a decisão de Trump.

A ideia de cancelar a decisão de Trump através do Conselho de Segurança não deu muito certo, talvez pelo poder de veto dos Estados Unidos. Também pode ser que o delírio de tentar interferir em decisões de presidentes americanos não pegue muito bem mesmo quando o presidente é Donald Trump.

Na Assembleia Geral, que não tem poder decisório, o projeto deve passar, como outros passaram. E outros passarinhos.

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