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Deveriam homens ser vacinados primeiro e crianças por último?

A hipótese, totalmente improvável, serve para mostrar como não é simples escolher os critérios sobre a ordem de imunização envolvendo grandes grupos

Por Vilma Gryzinski 27 out 2020, 08h14

No filme Contágio, que recebeu uma segunda vida no começo da pandemia, a vacinação contra o novo vírus é feita por sorteio. Periodicamente, são sorteadas as datas de nascimento dos que serão imunizados.

Um médico envolvido nas pesquisas, papel de Lawrence Fishburne, doa generosamente sua dose ao filho de um faxineiro que tem alto risco de complicações respiratórias.

O filme tem aspectos incrivelmente premonitórios, inclusive pela assessoria prestada por imunologistas que viriam a ser famosos na vida real, e outros completamente absurdos.

O sorteio dos vacinados se enquadra na segunda categoria.

Mas serve para demonstrar como é complicado escolher os critérios epidemiológicos, éticos e logísticos sobre a ordem de vacinação.

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Não basta dizer que as pessoas com risco maior estão automaticamente nos lugares da frente. 

Por esse critério, homens idosos, negros e portadores de comorbidades, os mais afetados pelas complicações da Covid-19, teriam prioridade. Já as crianças, felizmente as mais poupadas pelo coronavírus, ficariam no fim da fila.

Claro que os critérios não podem discriminar por sexo ou cor de pele. Mas a idade é, sim, um fator que será levado em consideração.

Várias vacinas já estão em produção, partindo do princípio de que tão logo sejam liberadas, já será possível aplicar as primeiras levas. Se ficar comprovado que não funcionam a contento, serão descartadas.

Como vacinar pelo menos metade da população mundial em proporções suficientes para alcançar a imunidade de grupo?

Para dar uma ideia de grandiosidade logística: na Índia, que como grande fornecedora de medicamentos, dominando 20% do mercado mundial de genéricos, será uma das maiores fabricantes de vacinas contra a Covid-19, foram necessários três anos para vacinar 400 milhões de crianças com a tríplice (sarampo, caxumba e rubéola).

Nos Estados Unidos, um grupo de trabalho escolhido pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina (NASEM) foi o pioneiro na elaboração de um programa de prioridades para a vacinação.

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O programa tem quatro fases e busca o estabelecimento de critérios claros e compreensíveis.

A fase 1 começa com os trabalhadores de saúde, doze vezes mais expostos ao contágio do que a população em geral pela própria natureza de sua atividade.

Entram nela também os idosos em clínicas de repouso – os mais duramente atingidos pela pandemia -, os portadores de duas comorbidades e os trabalhadores de serviços essenciais para o funcionamento da sociedade (policiais, bombeiros e socorristas).

Na fase 2 entram os que trabalham em setores importantes como produção e distribuição de alimentos e escolas, pessoas com comorbidades que representem um risco moderado em caso de contágio e os envolvidos em instituições fechadas como abrigos, cadeias e penitenciárias.

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Crianças e adultos jovens, pelo potencial de disseminação do vírus, e trabalhadores de setores essenciais não incluídos no critério acima entram na fase 3.

A população em geral entra na fase 4.

Com as vacinas em duas doses, os processos vão se sobrepor.

Outros critérios são genericamente na mesma linha, inclusive os recomendados pela Organização Mundial de Saúde.

Fora a disputa sobre quem quer ser vacinado primeiro, existe também a briga dos que não querem ser vacinados de jeito nenhum.

Fora a abominação ética e social que implica, a obrigatoriedade de procedimentos médicos tem um histórico pavoroso.

Os grandes episódios mais recentes foram as campanhas de esterilização compulsória na Índia e os abortos forçados na China, além de outras punições para quem passasse da cota de um filho por casal.

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Existe, claro, um gigantesco outro lado: como seriam os dois países, ambos com populações acima de 1 bilhão de pessoas, se tivessem 300 ou 400 milhões de habitantes a mais. E o mundo?

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