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Deputada doidona e conspiracionista se penitencia; mas não basta

Partido Republicano faz Marjorie Taylor Greene se desculpar por maluquices para tentar resolver uma crise da menos pior maneira possível

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 fev 2021, 07h58 - Publicado em 5 fev 2021, 07h50

O que fazer com congressistas que vivem e prosperam nos extremos, dos dois lados do espectro político?

Em determinadas circunstâncias, eles são úteis. Insultam colegas, gritam quando o presidente vai falar, tacam fogo no Twitter e atiçam os instintos mais primais da militância.

Em outras, viram um estorvo. Foi com isso em mente que os caciques republicanos interferiram para impedir que a recém-eleita Marjorie Taylor Greene virasse mais uma arma contra o partido, que já está amargando a perda da maioria no Senado, sem falar na Casa Branca.

A deputada da Geórgia teve que se desculpar, em termos cuidadosamente escolhidos, por “palavras ditas no passado e coisa que não me representam”.

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“Fui levada a crer em coisas que não eram verdadeiras”, penitenciou-se em rápido discurso na Câmara.

As tais “coisas” são uma coleção de maluquices de primeira grandeza. Incluindo o conspiracionismo alucinado promovido pelo Q Anon, segundo o qual Trump era um santo guerreiro ungido para acabar com a cabala dominada por pedófilos infiltrados nos principais escalões da elite, evidentemente globalista.

Outra: a imigração em massa de muçulmanos para a Europa é dirigida por “supremacistas sionistas”.

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Mais uma: os incêndios florestais na Califórnia foram desencadeados por um “laser espacial” para abrir caminho à construção de uma linha de trem-bala. Envolvendo judeus, naturalmente.

E as piores de todas: a matança em massa de estudantes por colegas surtados, o sinistro fenômeno recorrente nos Estados Unidos, é encenada para justificar o confisco de armas. E o Onze de Setembro na verdade… bem, todo mundo sabe como termina.

Maluquices assim dominam o vasto universo das teorias conspiratórias, do qual Taylor Greene participou entusiasticamente antes de ser eleita como um nome novo, uma adepta entusiástica do CrossFit, das armas pesadas e de Donald Trump.

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Normalmente, já seria embaraçoso para o Partido Republicano ter alguém tão sem noção falando besteiras ridículas.

A questão ficou mais séria depois que muitos conspiracionistas da pesada misturaram-se aos trumpistas apenas ingênuos que acreditam que a eleição de Joe Biden foi fruto de trapaça eleitoral e participaram da invasão do Capitólio, a sede das duas casas do Congresso americano.

Com a faca e um queijo tão deliciosamente fácil de ser esmigalhado na mão, o Partido Democrata forçou uma situação em que os adversários republicanos tinham muito a perder: ou não faziam nada, levando o crédito indigesto pelo destempero da deputada, ou a condenavam, correndo o risco de se indispor com a base trumpista mais inflamada, que está lambendo as feridas, mas ainda tem força.

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A alternativa foi chamar Marjorie Taylor Greene para uma conversa de adultos. Em troca, ela não teria seu nome cortado das duas comissões para as quais conseguiu ser designada, a do Orçamento e a de Educação e Trabalho.

Não adiantou muito: com a maioria na mão, o plenário da Câmara votou por cortar seu nome das comissões, uma punição praticamente sem precedentes.

O Partido Democrata tem suas próprias franjas descontroladas, em especial as integrantes do “Esquadrão”, as quatro deputadas de esquerda que forçam os limites do cargo e da liberdade de ideias, muitas vezes em questões referentes aos “sionistas”, uma obsessão nos dois extremos.

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A mais conhecida delas é Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida pelos longos monólogos nas redes sociais. Nos mais recentes, ela tem se colocado como vítima da invasão do Capitólio. Chegou a comparar seus sentimentos aos que teve por sofrer abuso sexual – violência nunca antes revelada.

Detalhe: ela estava num anexo do prédio do Congresso, que não chegou a ser invadido pela malta e a experiência mais traumática que teve foi ouvir, enquanto se trancava no banheiro, um desconhecido entrar em seu gabinete e gritar “Onde está ela?”. 

Era um integrante da polícia do Capitólio e queria colocar a deputada num lugar mais seguro. Ela achou que o policial tinha “raiva e hostilidade nos olhos”.

Num outro episódio, em que o senador Ted Cruz manifestou apoio a uma proposta dela, Alexandria disse que dispensava porque “você quase me matou há três semanas” – Cruz foi um dos senadores que votou contra a certificação de Joe Biden.

Alexandria ocupa uma posição muito mais destacada do que Marjorie Taylor Greene e é muito mais esperta. Será interessante ver um embate entre entre as duas.

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