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Com trégua com a China, Trump salva o G20 dos afogados

É de apenas 90 dias a suspensão de novas sanções comerciais, mas alivia o clima de confronto e ajuda os outros participantes para sair de fininho

Por Vilma Gryzinski
2 dez 2018, 11h48

Apesar da torcida mundial para que a grande democracia chinesa desse uma lição daquelas em Donald Trump, os fatos interferiram nas fantasias coletivas de destruição do presidente americano.

Alerta de ironia: a expressão “democracia chinesa”, evidentemente, tem um pouco de sarcasmo. O objetivo é indicar como o ódio a Trump altera faculdades de raciocínio mesmo entre os que teriam o dever profissional de manter a cabeça fria.

A suspensão por 90 dias para a aplicação de tarifas de 25% sobre uma lista de produtos chineses importados pelos Estados Unidos representa um prazo muito pequeno, mas indica que existe um caminho para negociações.

É de interesse de todos os envolvidos – ou seja, praticamente o planeta inteiro – que os Estados Unidos aliviem um pouco o desequilíbrio nas importações com a China, muitas vezes decorrentes de práticas nada isonômicas.

Dumping disfarçado, roubo de propriedade intelectual, espionagem pura e simples também têm muito pouco a ver com as vantagens e benefícios coletivos do livre comércio.

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O acordo de última hora salvou um G20 realizado num momento de alinhamento astral excepcionalmente negativo para seus principais integrantes.

A começar pelo anfitrião, Mauricio Macri, que praticamente já perdeu o controle sobre os mecanismos econômicos. A cada dia que a crise não provoca uma típica implosão argentina, já é um milagre.

Só para dar uma ideia da degringolada: Cristina Kirchner, que só não está na turma de famosos ex-presidentes presos por corrupção porque ganhou imunidade ao ser eleita senadora, tem uma possibilidade real de ser eleita presidente de novo.

Mesmo com as revelações espantosas dos “cadernos das propinas”, a detalhadas anotações feitas por um motorista sobre o movimento constante, durante anos, de sacolas e malas com dezenas de milhões de dólares.

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Sem contar que a Argentina não conseguiu realizar uma final de futebol da Taça Libertadores entre os dois grandes times locais, River e Boca.

O que deveria ser uma celebração monumental do grande futebol argentino virou um vexame mundial, com adiamentos, agressões e revelações nada surpreendentes sobre os vasos mais do que comunicantes entre banditismo, dirigentes esportivos e política.

Isso que o milionário Macri foi presidente do Boca, o time do povão, o caminho pelo qual entrou na política.

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A conexão popular, a classe, os ternos perfeitos, a mulher linda, o discurso certo e o apoio de todo mundo que tem juízo não estão ajudando muito.

Tirando a conexão popular, praticamente as mesmas qualidades tampouco estão funcionando para Emmanuel Macron.

Enquanto ele dava lições de moral de Buenos Aires, aparentemente sua atividade favorita, inclusive ao futuro presidente brasileiro, Paris pegava fogo, literalmente com os protestos dos “coletes amarelos”.

Macron ainda não captou, e provavelmente não captará, que o povo não quer pagar um imposto adicional sobre gasolina e diesel para bancar a “transição ecológica” e coroar Macron como o herói dos Acordos de Paris.

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No momento, a coisa está mais para desacordos de Paris. Se ele não colocar logo um colete amarelo, do tipo usado por motoristas quando precisam parar no acostamento, e enfrentar a fúria popular de modo direto, pode se lascar.

Seria uma pena, pois as reformas que ele propõe para a França são essenciais – embora se revelem cada vez mais impossíveis. Por uma série de motivos, inclusive a cultura política, Macron não tem força na caneta para desengessar as forças produtivas como Trump fez nos Estados Unidos.

Muito pior é a posição de Theresa May, a primeira-ministra que chegou e foi embora praticamente como pária da política mundial.

São tantos os problemas que ela enfrenta para aprovar no Parlamento o desenxabido acordo de saída da União Europeia que talvez ela devesse passar uma temporada nas Ilhas Malvinas – Falkland, para os ingleses – antes de voltar para a briga de foice no escuro que virou a política britânica.

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Bem mesmo se deram Vladimir Putin e Mohammed Bin Salman. O russo voltou a se encrencar com a Ucrânia e até Trump desmarcou um encontro. O príncipe saudita carrega nas costas o inacreditável assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.

Como também tem um monte de petróleo, entrou e saiu do G20 com a maior tranquilidade do mundo, envolto no manto com acabamento em fios de ouro e na certeza da impunidade.

Chegou a fazer com Putin um “high five”, o cumprimento dos negros americanos que se propagou pelo mundo como forma de festejar uma grande amizade ou um feito particularmente excepcional.

Até Putin, um ex-agente da KGB, tem que admirar alguém capaz de mandar estrangular um inimigo num consulado de seu próprio país, esquartejá-lo, sumir com os pedaços do corpo e dissolver qualquer traço incrimidador.

Não é impossível que Trump tenha sonhado em fazer algo parecido com Robert Mueller, o promotor especial que logo mais vai tentar incriminá-lo em alguma coisa bem cabeluda. E talvez uma boa parte dos antitrumpistas quisessem fazer isso com o presidente.

A diferença é que, nas democracias, a coisa fica no plano da fantasia. E do impeachment que ocupa dia e noite a mente dos inimigos de Trump.

Para estes, é inadmissível que o presidente tenha salvado o G20 dos enrolados da irrelevância total.

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